2017 é o ano do centenário de Décio de Almeida Prado. Um dos
mais respeitados críticos teatrais do país também era formado em Filosofia, Ciências
Sociais e Direito. Mas Décio também era apaixonado pelo futebol.
O livro, em formato ebook, do selo Breve Companhia, da
Companhia das Letras, “Tempo (e Espaço)
no Futebol”, reúne textos escritos pelo autor sobre o tema futebol entre as
décadas de 1960 e 1990. Futebol, não. Décio mergulha na memória afetiva
guardada e gerada por alguns dos grandes craques do futebol brasileiro, como
Leônidas da Silva, o Diamante Negro e Didi, para ficar só nesses dois exemplos.
Histórias e lembranças dos primórdios do futebol brasileiro.
Décio de Almeida Prado também já havia declarado sua
paixão pelo futebol em outro livro de sucesso. “Seres, Coisas, Lugares – Do Teatro ao Futebol”, também da Companhia
das Letras.
Em 1989, Décio publicou artigo especial na Revista da
Usp, com o exato título da obra que Literatura na Arquibancada destaca abaixo: http://www.usp.br/revistausp/02/04-decio.pdf.
Vale a pena a leitura para constatar a visão e a beleza que Décio de Almeida
Prado nutria pelo futebol.
Enquanto “especialistas”, descrevem o futebol, escrito ou
narrado, pelo que estão vendo a sua frente, Décio vai além, definindo suas categorias
básicas: o tempo, o espaço e sua relação, a velocidade.
Sinopse (da
editora):
Crítico de teatro e professor de literatura formado na
brilhante geração de Antonio Candido e Paulo Emílio Salles Gomes, Decio de
Almeida Prado foi também um grande torcedor e conhecedor de futebol, que
acompanha de perto, como se fosse um torcedor comum.
Com uma escrita invejável pela elegância e erudição – que
cronista esportivo é capaz de citar uma seleção de craques do escrete literário
nacional como Olavo Bilac, Oswald de Andrade, Machado de Assis e Coelho Neto?
–, o autor de clássicos de nossa crítica teatral foi testemunha ocular dos
primórdios do futebol amador em São Paulo.
Seu primeiro alumbramento com o “esporte bretão”, como
ele se recorda num dos cinco textos desta deliciosa coletânea, remonta a 1925,
quando o Clube Atlético Paulistano – seu time do coração antes da conversão
definitiva ao São Paulo Futebol Clube – realizou uma vitoriosa excursão
europeia. Mesmo torcendo a milhares de quilômetros de distância, foi para o
menino Decio a refutação inconteste da crença então corrente de que os brasileiros
éramos e seríamos sempre inferiores aos europeus entre as quatro linhas. Esse
primeiro triunfo inesquecível se confundiu com o patriotismo de chuteiras que,
entre vitórias e derrotas, glórias e tragédias, marcaria para sempre sua
intensa e passional relação com o futebol.
No texto que dá título ao livro, o torcedor cede lugar ao
analista cerebral. Com seu conhecimento privilegiado do palco teatral, Almeida
Prado decompõe o drama do futebol em suas categorias básicas: o tempo, o espaço
e sua relação, a velocidade. O autor discute como os noventa minutos
regulamentares e os 7 mil metros quadrados do campo, além dos 17 metros
quadrados do gol, podem ser esticados e diminuídos à vontade pelos grandes
craques, mestres da conjugação entre a agilidade física e a destreza mental.
Sobre o autor:
Décio de Almeida
Prado nasceu em São Paulo, em 1917. Foi o mais importante crítico teatral
do país. Formou-se em filosofia, ciências sociais e direito pela USP. Iniciou-se
na crítica em 1941, quando passou a colaborar, ao lado de Antonio Candido e
Paulo Emílio Salles Gomes, entre outros, na revista cultural Clima. Em 1947
ajudou a fundar o TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) e a Escola de Arte
Dramática de São Paulo. Autor de livros fundamentais de crítica e história do
teatro brasileiro, foi também professor de história do teatro na Escola de Arte
Dramática e de literatura brasileira na Universidade de São Paulo. Morreu em
fevereiro de 2000, aos 82 anos. Obras publicadas por outras editoras: - Apresentação do teatro brasileiro
moderno. São Paulo, Livraria Martins Editora, 1955. - Teatro em progresso. São
Paulo, Perspectiva, 1964. - João
Caetano: o ator, o empresário, o repertório. São Paulo,
Perspectiva, 1972. - João
Caetano e a arte do ator. São Paulo, Ática, 1984. - Procópio Ferreira. São
Paulo, Brasiliense, 1984. - Exercício
findo. São Paulo, Perspectiva, 1987. - Teatro brasileiro moderno. São Paulo,
Perspectiva, 1988. - Teatro
de Anchieta a Alencar. São Paulo, Perspectiva, 1993. - O drama romântico brasileiro.
São Paulo, Perspectiva, 1996. - História
concisa do teatro brasileiro. São Paulo, Edusp, 1999.
Deliciosas histórias de um futebol antigo e verdadeiro.
ResponderExcluirGeraldo Nunes