Um século da primeira conquista. Em 1914 o Corinthians conquistou
seu primeiro título estadual. E o grande personagem desse período do time
corintiano chama-se Neco, que, além de primeiro ídolo do clube tornou-se também
o primeiro herói popular do futebol brasileiro.
Neco merecia uma biografia e ganhou a sua de um, entre
tantos corintianos apaixonados por sua história. Antonio Roque Citadini é mais
do que torcedor, chegou à vice-presidência do clube, e, diferente de outros
cartolas, escreveu um belo livro: “Neco –
O primeiro ídolo” (Geração Editorial, 2001).
A obra traz não só a emocionante história de Neco, mas
também a história de seu tempo. O formato de 21X28 centímetros lembra o de uma
enciclopédia. Tem farto material fotográfico de uma época - o final do século
19 até quase nossos dias (século 21), notícias e informações nas laterais das
páginas que revelam muito da História do Brasil e do mundo.
Literatura na Arquibancada destaca abaixo trecho do texto
de apresentação do autor, além de um dos capítulos iniciais da obra. E agradece,
mais uma vez, ao Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), do Museu do
Futebol, local onde foi feita a pesquisa sobre a obra. Vale a pena conhecer o
acervo em www.dados.museudofutebol.org.br.
Apresentação
Por Antonio Roque
Citadini
Este livro retrata a trajetória futebolística do primeiro
grande ídolo do Sport Club Corinthians Paulista: Manoel Nunes, o Neco. As suas
jogadas, gols e brigas constituem fatos históricos que chegaram até minha
geração narrados por velhos corinthianos e por algumas esparsas notas de
jornais. O mito Neco, eternizado pelo busto existente no Parque São Jorge,
conseguiu reunir qualidades que ainda hoje emocionam o torcedor corinthiano:
garra, luta, técnica e o amor pela camisa que ninguém esquece.
Ouvi dos mais velhos corinthianos relatos apaixonados
sobre Neco. Seus gols decisivos, a valentia de suas brigas com cinta e a defesa
intransigente do alvinegro passaram de boca em boca, numa corrente que não
deixa morrer o ídolo.
Pertenço a uma geração de corinthianos que por longos
anos não viu seu time conquistar títulos (1954 a 1977), e talvez por isso, se
comparada a qualquer outra, tenha aprendido mais sobre a história, o nascimento
e o crescimento do clube. E, nesse contexto, Neco é figura singular.
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Corinthians, campeão 1914. Neco, 1º a dir. em pé, artilheiro com 12 gols. |
Ainda menino começou com o clube, quando este nascia.
Participou da vida alvinegra quando o time estava na várzea, pobre, sem sede
própria e sem campo para treinar ou jogar. Viveu em toda sua intensidade as
emoções do clube que nascia entre agremiações prestigiadas e supridas de
recursos materiais. Em 1914, Neco ajudou o Corinthians a alcançar seu primeiro
campeonato na divisão maior do futebol paulista. Presente em todas as grandes
jornadas da equipe, sagrou-se campeão em 1914 e 1916, tricampeão nos anos de
1922-1923-1924 e novamente em 1928-1929-1930.
Lutou como esportista amador, sem obter qualquer proveito
material por seus esforços. Vivia para o clube servindo de soldado para todas
as batalhas. Foi jogador valente, técnico e temperamental, especialmente nas
pugnas contra o Palestra Itália, ocasiões em que teve memoráveis performances.
Amou o Corinthians e transformou-se no referencial entre
os torcedores apaixonados que o alvinegro conquistou ao longo de sua vida.
Mais que um jogador, Neco foi grande ídolo das torcidas
corinthiana, paulista e brasileira.
Pela seleção de São Paulo, viveu grandes jornadas com a
conquista de vários campeonatos.
Foi notável atleta da seleção brasileira, quando esta
dava seus primeiros passos no esporte internacional. O ponto maior de sua vida
desportiva foi a participação na primeira conquista do Brasil no futebol
continental: o campeonato sul-americano de 1919, evento internacional equivalente
aos mundiais da Fifa de 1958, 1962, 1970 e 1994, que marcaram gloriosamente o
futebol do Brasil.
Neco foi mais do que os fanáticos corinthianos acham:
símbolo e primeiro ídolo do Corinthians, destacando-se nas primeiras décadas do
século 20; um dos grandes atletas da seleção brasileira de 1919 e dos
selecionados paulista e brasileiro.
Os primeiros anos
de Neco
O menino Manoel Nunes, Neco, foi criado em família de
imigrantes portugueses, de origem modesta, nos padrões da classe média da
época. O futebol, que engatinhava na cidade, com o surgimento dos clubes, das
disputas entre os “teams”, com os primeiros jogadores ganhando destaque, ainda
era um esporte desconhecido pela família de Neco.
Aos 8 anos, Neco entrou para o Liceu Coração de Jesus,
atendendo ao sonho de seu pai, que o queria na profissão de marceneiro. Nada
mais indicado para aprender esse ofício do que ingressar no Liceu, onde poderia
educar-se e ganhar uma profissão que o sustentasse na vida. Todavia, a entrada
no Liceu, foi a porta que o conduziu ao futebol. Da profissão pretendida pouco
aprendeu, para o desespero de sua mãe Thereza, que tinha de acalmar as broncas
diárias do marido. Mas foi no Liceu Coração de Jesus onde Neco começou a “bater
bola” e a mostrar sua verdadeira vocação. Para o sofrimento da família, Neco e
César, seu irmão mais velho, começaram a jogar futebol ainda meninos, entre
arrastados aprendizados da profissão de marceneiro.
Enquanto Neco tomava os primeiros contatos com o novo
esporte, nos pátios e campos do Liceu, o futebol evoluía, tornando-se a cada
dia mais conhecido, com número crescente de jogadores e times, bem como de
novos aficionados.
Sobre o autor:
Antonio Roque
Citadini, nasceu no interior paulista, na cidade de Rio Claro, no ano de
1950. Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito
da Universidade de São Paulo, em 1978. Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado
de São Paulo, foi Diretor Administrativo da Companhia de Gás, CONGÁS em 1985;
presidente da mesma de 1987 a 1988. Publicou vários livros e colaborou com
jornais e revistas.
Algumas obras publicadas: Código Eleitoral Anotado e
Comentado (1985); A Nova República e os
Partidos Políticos (1986); coautor de PMDB
no Poder, A Vitória da Unidade (1982).
No âmbito do esporte, é associado e conselheiro vitalício
do Sport Club Corinthians Paulista. Foi eleito para o Conselho Quadrienal no
quatriênio 1998/2002 e exerceu a vice-presidência do Clube de 2001 a 2004. É
Conselheiro do CORI – Conselho de Orientação do Sport Club Corinthians
Paulista. Escreveu sobre o Corinthians, dois livros: Neco, o primeiro ídolo; e Alambrado.
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