Uma verdadeira Bíblia
sobre a história da seleção brasileira. Assim pode ser definida a mais nova
obra do pesquisador e historiador Airton Fontenele, o oitavo livro do escritor
cearense sobre o tema Copa do Mundo. Incansável, mesmo aos 87 anos, esse
cearense da cidade de Viçosa, aborda várias temáticas no livro “O Brasil em todas as Copas do Mundo – 1930/2014
– História, Curiosidades e Estatísticas” (Editora LCR).
Você vai conhecer as origens do futebol no mundo e
no Brasil, a criação da FIFA e o evento Copa do Mundo. Terá também um retrato
sintético das 19 Copas do Mundo (1930/2010), o desempenho do Brasil, campeão
cinco vezes; dados técnicos dos 97 jogos na competição e dos 92 nas
eliminatórias; os 45 adversários nos mundiais e os nove nas eliminatórias; os
368 jogadores brasileiros envolvidos naqueles certames, além de uma alentada
série de curiosidades e estatísticas.
A Bíblia da Seleção
Brasileira
O pequeno espaço de sua casa,
onde estão cuidadosamente guardadas centenas de livros, revistas, jornais, fotos, entrevistas em áudio, vídeos e álbuns,
bem que poderia ser comparado a um “santuário” da literatura esportiva da
seleção brasileira.
Mas Airton Fontenelle não é
daqueles que sabem tendo que consultar algo de seu rico acervo histórico. Está
duvidando? Encontre-o caminhando por qualquer rua de sua querida Fortaleza.
Faça-o parar, e pergunte qualquer coisa que queira saber sobre a história da
seleção brasileira.
Tanto conhecimento adquirido
só poderia resultar em vários livros publicados sobre o tema seleção
brasileira. O oitavo, sim, acredite, o oitavo livro de Airton Fontenele rende a
ele a merecida alcunha de “Enciclopédia” viva quando o assunto é seleção
brasileira.
Mas, acredite também, como
fazem os milhares de fiéis de Padre Cicero. Airton Fontenele é o Papa da
literatura quando o tema é seleção brasileira. Embora não tenha feito nenhum
milagre pelo scratch canarinho, deixa
agora, para você, leitor apaixonado pela seleção, uma verdadeira Bíblia do
tema.
Como nasceu o
futebol
Por Airton
Fontenele
Existem muitas versões sobre as origens do mais popular
dos esportes de bola, o futebol association
ou soccer.
Alguns historiadores apontam a Grécia como berço de um
desporto que mais tarde se transformaria no futebol. No programa de educação
física da mocidade grega figurava um jogo, o spiskiros, que consistia na disputa de uma bexiga de
porco, cheia de ar ou de areia, por dois grupos de atletas que se esforçavam
para levá-la a um determinado ponto. Existia, assim, ataque e defesa, e com
isso estaria criado o futebol na sua forma mais rudimentar.
Quando as legiões romanas ocuparam a Grécia, no ano 1500
a.C, os legionários ficaram interessados por aquele esporte e o levaram para
Roma. Os romanos inspirados no spiskiros,
que já era denominado sphoere
machis, criaram o seu jogo próprio, o harpastum. Os romanos praticavam referido jogo num
campo delimitado por duas linhas, que eram as metas, e cada equipe se colocava
junto à respectiva linha final e, dada a ordem, precipitavam-se sobre uma
pequena bola posta no centro.
A bola feita de bexiga de boi, coberta com uma capa de
couro, podia ser carregada com os pés e as mãos, havendo, assim, certa
semelhança entre o harpastum
e o rugby.
Os historiadores revelam que, há 2.600 anos antes de
nossa época, o futebol já era praticado no Japão no reinado dos Imperadores Engi e Teureki. E que na mesma
época se praticava na China um jogo, o Kemari, que se parecia com o futebol, inventado pelo
chinês Yang-Tsé.
Segundo texto de Li Su existente
no Museu Etnológico de Munique, é possível que as primeiras partidas
internacionais tenham sido realizadas por chineses e japoneses, jogando cada um
de acordo com suas respectivas regras.
Durante a Idade Média, surgiu na França, especialmente
nas regiões da Bretanha e Normandia, o soule, inspirado no harpastum dos romanos. Quase na mesma época referido esporte
chegou à Inglaterra. Consistia na disputa de uma bola de couro cheia de feno ou
farelo, em que se permitiam golpes com os pés, socos e rasteiras, razão pela
qual chegou a ser proibido por dois reis da França. Daí ter nascido o slogan até hoje conhecido:
o violento esporte bretão.
Um século após a invasão normanda, o futebol estava em
evidência na Inglaterra. Durante a semana do carnaval, em Londres, os rapazes
se reuniam na prática do jogo de bola. Eram dois tipos de jogos: a) Hurling at goals: disputado
entre 40 ou 60 jogadores, divididos por dois campos e que procuravam levar a
bola à baliza adversária, representada por dois paus espetados no solo com a
distância de 3 a 4 metros um do outro, e dentro de um terreno aproximado de 100
jardas. Dessa prática nasceu, em 1830, o rugby, por iniciativa do Dr. Thomas Arnold; b) Hurling over country:
jogado através dos campos pelos rapazes de várias freguesias e aldeias. As metas correspondiam a árvores ou edificações distantes
alguns quilômetros.
A vitória cabia ao grupo que primeiro conduzisse a bola
até ao objetivo designado, sem conhecer obstáculos, atravessando vilas ou
cruzando campos de lavoura. Tinha uma certa semelhança com o soule. Citados encontros
duravam, muitas vezes, mais de um dia.
Os Italianos, por sua vez, dizem que o futebol nasceu em
Florença, pelo ano de 1529, com a criação do seu Giucco de Cálcio.
Eis a razão deste desporto ter na Itália o nome de cálcio
no lugar de futebol como nos demais países. Esse jogo consistia na formação de
dois grupos, com 27 jogadores cada, distribuídos por quatro linhas. Era uma
formação que parece muito ao que se conhece hoje como rugby. A finalidade do
jogo consistia em alcançar, o campo adversário, sendo gol quando a bola lançada
por um pontapé ou soco ia cair atrás da linha de demarcação, sendo permitido
correr com a bola e passar quando julgasse conveniente, inclusive que se agarrasse
o adversário ou desse-lhe uma rasteira.
Na Renascença, todavia, o futebol reviveu mais moderado,
sendo na Inglaterra e Itália considerado como esporte de elite, praticado por
lordes ou barões. E, paulatinamente, o jogo foi deixando de ser tão violento e
perigoso. No inicio do século XVIII, os jovens das famílias ricas inglesas
passaram a dar preferência ao futebol, deixando em segundo plano a caça, a
esgrima e a equitação.
Assim é que os ingleses afirmam que o futebol pode não
ter nascido na Inglaterra, mas foi lá que ele cresceu e se educou.
Poderíamos até dizer que o futebol, ofi cialmente, nasceu
em 26 de outubro de 1863, numa histórica reunião realizada à luz de velas na
Taberna Freemason’s,
em Great Queen Street, Londres, quando
estudantes ingleses decidiram separar o futebol e o rugby, criando The Football Association, organismo que até hoje controla
todo o futebol inglês. Na mesma ocasião, foi fixado em onze o número de
jogadores de cada time: um arqueiro, dois zagueiros, um médio e sete
dianteiros.
Em 1º
de dezembro de 1863, o futebol foi codificado por regras
estabelecidas pelos integrantes da reunião realizada na Taberna Freemason’s.
Aludidas regras foram distribuídas aos clubes, colégios,
livrarias, bancas de jornais, visando ensinar aos interessados como praticar o
futebol. As primeiras leis previam um mandamento sagrado: nenhum jogador
poderia colocar a mão na bola. Foi somente em 1867 que o arqueiro passaria a
ter o direito de tocar na bola com a mão. A figura do juiz, também chamado
árbitro, foi criada em 1868, sendo que no início anunciava as suas decisões aos
gritos, pois o apito só surgiria dez anos depois.
Em 1870, com vistas a reforçar a defesa, foi registrada a
formação clássica dos times, que predominou por mais de quatro décadas: um
arqueiro, dois zagueiros, três médios e cinco dianteiros.
Em 30 de novembro de 1872, aconteceu o primeiro jogo
internacional de futebol association,
realizado na cidade de Glasgow,
com o seguinte resultado: Escócia 0 X 0 Inglaterra. Logo em seguida, as
seleções da Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales passaram a disputar,
todos os anos, uma valiosa taça instituída por The Football Association e conhecida simplesmente por Cup. A exemplo do que
ocorreu com a nossa Taça Jules
Rimet, a Cup foi roubada da vitrina
de uma loja de Birmingham e
jamais recuperada. Tal fato deu-se em 1895, e o Lloyd de Londres mandou fazer outra igual.
Quase na mesma época, os países componentes do Reino
Unido criaram a International
Football Association Board, órgão independente e o único que pode
decidir sobre quaisquer modifi cações nas regras do futebol association, cuja primeira
reunião ocorreu em 2 de junho de 1886.
Em 1891, foi realizada uma revisão geral nas regras, com
o surgimento das redes nas balizas, criação do pênalti, estabelecimento do
tamanho do campo e de bola, bem como a duração do jogo - 90 minutos, dividido
em dois tempos de 45 minutos, com intervalo de 15 minutos. Estabeleceram-se, em
1901,os limites das áreas, enquanto em 1907 as leis do impedimento começaram a
ser alteradas para se definirem em 1924.
A partir de 1925 surgiu uma grande revolução no sistema
de jogo modificando o implantado em 1870, graças a Herbert Chapman, então treinador do Arsenal, de
Londres. No novo sistema de Chapman
alinhavam à frente do arqueiro (ou goleiro): três beques, dois
médios, dois meias e três atacantes, e que dava às equipes uma distribuição
mais uniforme dentro do campo. Mencionado sistema entrou para a história com o
nome de WM, e foi o ponto de partida para a criação de outros sistemas.
Efetivamente, surgiram inúmeros sistemas no futebol, tais
como: ferrolho suíço, diagonal (criado pelo nosso técnico Flávio Costa), marcação
por zona (adotado por Zezé Moreira), o 4-2-4 (lançado em 1951 por Martim
Francisco), carrossel holandês (aplicado com sucesso pela Holanda na Copa de
1974), a adoção do líbero (muito empregado no passado pela Itália, e que
consistia em um zagueiro ficar atrás de quatro defensores).
Hoje, a maior tendência é para o 4-3-3, com algumas
alternâncias para o 4-4-2, motivo de menores escores nas partidas.
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Dori Kruschner |
Quando se fala a respeito de sistemas, não poderíamos
esquecer a figura extraordinária do húngaro Dori Kruschner, como preito de reconhecimento pelo que
ele fez em favor do soccer nacional.
A propósito do antigo técnico do C.R. Flamengo, assim escreveu João Saldanha:
‘(…) Em 1938 demos um verdadeiro salto à frente em nosso futebol. Dois fatores
fundamentais se encontram em questão: o primeiro foi, indubitavelmente, a
presença do magnífico treinador húngaro Dori Kruschner, que nos tirou um atraso de quatorze anos.
Refiro-me à total reformulação tática a que nos obrigou. É que jogávamos de acordo
com lei de off-side anterior
a 1924-26,quando bastavam dois zagueiros (beque de espera e beque avança).
Chegamos ao cúmulo de comparecer assim à Copa de 38 e, mesmo dando esta
vantagem, chegamos em terceiro. Todos os outros times já jogavam com três,
quatro e até cinco zagueiros (Suíça) em função da lei modificada há quatorze
anos!
Sou levado a pensar que se Kruschner chegasse um ano antes, o caneco já teria
visitado o Brasil desde aquela época. O outro fator fundamental é que o futebol
no Brasil se tornou arte popular. E o que mais: arte e paixão popular. (…) “(‘A
Raposa e as Uvas, in’
Aconteceu”, edição extraordinária, de julho/70,p.07).
Segundo ainda João Saldanha, o famoso cronista e técnico
que classificou o Brasil para a Copa do Mundo de 1970, em declarações prestadas
ao jornalista Alan Neto (O Povo de Fortaleza, 21/dez/82): “o modelo tático
ideal seria 1-3-3-3, ou seja: um líbero flexível lá atrás, estilo Beckenbauer que subia com
a mesma facilidade como descia; três zagueiros, três meios-campos e três
atacantes. Mas aqui, todos querem segurar seus empregos e haja retranca. Um na
frente e dez defendendo, é antifutebol”.
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Charles Miller |
Sobre a evolução do futebol moderno, observe-se, também,
que ele chegou no final do século passado a outros países da Europa, na maioria
levado pelos marinheiros ingleses, quais sejam: França (1872), Dinamarca
(1873), Suíça (1879), Bélgica, Áustria (1880), Alemanha, Romênia, Espanha,
Rússia (1886), Holanda (1889), Finlândia (1890), Itália (1893), Bulgária (1896)
e Hungria (1899).
O futebol association
chegaria também a outros continentes. Na América do Sul os argentinos
foram os primeiros a tomarem conhecimento deste novo esporte, graças aos ingleses
que batiam sua bola no campo do Bueno Aires Cricker Club pelos idos de 1864. Porém, os portenhos
somente em 1895 fundariam a sua federação. Referido desporto chegaria ao Canadá
em 1880 e dois anos depois no Uruguai.
No Brasil, o futebol despontou em 1894, trazido pelo paulista
Charles Miller.
Sobre o autor:
Airton Fontenele
nasceu no dia 27 de janeiro de 1927. Passou a gostar de futebol na Copa do
Mundo de 1938. Em 1947 começou a escrever no semanário “O Goal”, a primeira das
mais de três mil colaborações que daria à imprensa em mais de 60 anos. Formou-se
em Odontologia em 1950. Entre 1952 e 1954 foi correspondente do jornal “A
Gazeta Esportiva”, de São Paulo. De 1954 a 1979 trabalhou como bancário na
equipe pioneira do Banco do Nordeste. Durante os anos 1960 participou de maneira
direta da reformulação do Estádio Presidente Vargas, o PV. Em 1986, lançou o
primeiro dos oito livros publicados, “Futebol, Seleção das Seleções”. É um dos
mais respeitados historiadores e pesquisadores do futebol brasileiro.
Boa tarde! Somos autores de um livro sobre João Coelho Netto, o Preguinho, e gostaríamos de ter nosso livro resenhado, para tanto seguem informações da obra:
ResponderExcluir"PREGUINHO - CONFISSÕES DE UM GIGANTE", relata a vida e obra de João Coelho Netto, mais conhecido como Preguinho, maior atleta brasileiro de todos os tempos, que fez história pelo Fluminense Football Club, sétimo artilheiro, segundo cestinha, campeão em oito modalidades diferentes, autor do primeiro gol brasileiro em Copas do Mundo de futebol e primeiro capitão pelo Brasil em Copas (1930 - Uruguai).
Características da obra:
Formato 14 X 21
Encadernação brochura
Capa em papel cartão supremo 250 g
168 páginas em edição de luxo, em papel couché 90 g
Mais de 100 fotos p&b e coloridas
ISBN: 978-85-915613-0-8
O livro conta suas histórias de infância e fatos inusitados, através de
depoimentos inéditos narrados ao jornalista Waldir Barbosa, que também é homenageado 'in memoriam', além de conter estatísticas de todos os jogos e gols marcados por Preguinho pelo Fluminense Football Club, em uma obra que tenta resgatar a figura única e inigualável de um atleta que se negou a receber para jogar por seu time de coração.
O livro encontra-se à venda até o momento nos seguintes pontos do Rio de Janeiro:
- Fluboutique (Laranjeiras, Shopping Nova América e na floboutique.com.br)
- Livrarias da Travessa (Centro, Ipanema, Leblon e Barrashopping e na travessa.com.br)
- Livraria Folha Seca (Rua do Ouvidor, 37)
- Livraria Leitura Shopping Nova América (Expansão)
Estamos à disposição para mais informações referentes ao livro.
Abraços,
Waldyr Barboza Jr. e Waléria Barboza, autores
(21) 99328-7631 I 98118-2890 I 3439-3809