Mais um livro obrigatório nas redações esportivas, universidades e,
evidentemente, na biblioteca do leitor que acompanha a boa literatura esportiva
brasileira. Em época de Copa, “brotam” livros no mercado, mas quando a obra se
propõe como uma Enciclopédia, poucas são as que trabalham bem a parte de
histórias e causos.
Não é o caso da Enciclopédia das Copas do Mundo (Editora
Nova Terra), de Luiz Fernando Baggio. São mais de 700 páginas, uma viagem pela
história do maior evento do planeta bola. Na primeira parte o leitor encontrará
o contexto político de cada edição do torneio e os acontecimentos dentro de
campo. Na metade final, a alegria dos estatísticos de plantão nas redações: número
de gols, artilheiros dos torneios, público dos jogos, as curiosidades
escondidas nos recordes.
O leitor apaixonado pelas histórias das copas encontrará também
respostas para perguntas como o motivo
da Índia não ter participado da Copa de 1950 no Brasil. Ou ainda, descobrir
qual seleção ficou invicta por quatro anos, mas perdeu justo na final da copa de
1954. E como foi encontrada a taça Jules
Rimet, quando roubada após a Copa de 1966 na Inglaterra.
Luiz Fernando Baggio não é “marinheiro de primeira viagem”.
Para chegar até essa edição de sua Enciclopédia das Copas do Mundo, ele
começou, em 2005, com a publicação do livro Copas
do Mundo - Histórias e Estatísticas (editora Axcel). Depois, em
2010, chegou a primeira edição, pela Editora Nova Terra, desta Enciclopédia
das Copas do Mundo.
Apresentação
Por Luiz Fernando
Baggio
O JOGO MAIS POPULAR DO MUNDO
”O
Futebol é a coisa mais importante dascoisas menos importantes!”
Um jogo de regras simples, que pode
ser praticado por atletas de qualquer tipo físico e praticamente em qualquer
lugar. O único esporte coletivo em que, nem sempre, quem joga melhor vence.
Injusto? Certamente, mas também este é um dos motivos que fazem do futebol o
jogo mais popular do mundo.
A
partida final da Copa de 2006 realizada no estádio Olímpico de Berlim, entre
Itália e França, foi assistida por uma plateia estimada em mais de 2,2 bilhões
de pessoas, um terço da população mundial. Este fato, por si só, demonstra a
popularidade e a força do futebol.
Futebol,
Fussball, FuBball, Calcio, Soccer, Futbol, Football, são muitos os idiomas
espalhados por todo o mundo, que traduzem a mesma paixão.
O
planeta Terra, de Leste a Oeste, de Sul a Norte adora este jogo, que, já se
disse, é uma metáfora da vida.
Séculos
mais tarde, em Florença, surgiu o Giuoco del Calcio. Em 1529, políticos florentinos
decidiram resolver demandas disputando um jogo de bola. Dois times com 27
integrantes cada disputavam a posse da bola feita de pano e couro, sob a
supervisão de nada menos que dez juízes que evitavam que a disputa descambasse
para a pancadaria generalizada. Vencia o time que mais vezes acertasse a pelota
na meta adversária. Até hoje, anualmente, é disputado um jogo em que se
conserva a tradição. Na mesma época, na França, era disputado o Soule.
Na
Inglaterra o ancestral do futebol era chamado de Mob Football, uma
violentíssima disputa entre centenas de pessoas que ia do nascer ao pôr do sol
e resultava em dezenas de mortos e feridos. Por razões óbvias foi
terminantemente proibido.
Apesar
da proibição, continuou a ser praticado ao longo do tempo e lentamente foi
incorporado pelas diversas escolas da aristocracia. Cada uma delas possuía suas
próprias regras e o Rugby College de Londres acabou por criar o Rúgbi, que
podia ser jogado também com o uso das mãos.
Finalmente,
em 1848, representantes de quatorze universidades inglesas reuniram-se em Cambridge
para unificar as regras, o que permitiu, a partir daí, que fossem disputadas
partidas entre diferentes instituições.
A
Football Association tratou das regras até 1886, quando foi criada a
International Board, que até os dias atuais é responsável pela manutenção ou
modificação das regras do jogo.
Por
possuir, à época, a economia mais poderosa do planeta, a Inglaterra tinha
relações comerciais nos cinco continentes e, através dos marinheiros de seus
navios, que aproveitavam as paradas nos portos em que atracavam para disputarem
animadas partidas, o futebol foi sendo disseminado e, em poucas décadas, até o
final do século XIX, já era praticado em diversos países, os quais também foram
criando suas associações nacionais.
Em
1896 os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna foram realizados em Atenas,
Grécia. O criador dos Jogos, o francês Pierre de Fredi (1863-1967), Barão de
Coubertin, não permitiu que esportes coletivos fizessem parte do programa dos
Jogos.
Foi
esta a primeira grande competição internacional na qual o futebol foi incluído.
Seria
questão de tempo o esporte voar com as próprias asas.
Guérin
passou a fazer contatos em diversos países da Europa, visando à criação de um
órgão internacional que cuidasse da organização do futebol.
O
jornalista francês sonhava com um torneio mundial exclusivo para o futebol e
durante quatro anos lutou contra todas as dificuldades, principalmente o desdém
dos ingleses.
Conseguiu
finalmente o apoio de algumas federações nacionais e de pessoas influentes,
entre as quais estavam o belga Louis Muhlinghaus e o banqueiro holandês Carl
Hirschmann.
Hirschmann
redigiu então a minuta dos estatutos de criação do órgão internacional que
regeria o futebol.
No dia
21 de maio de 1904, em Paris, Guérin, como representante da França, Hirschmann,
da Holanda e mais cinco outros representantes de países europeus, Bélgica,
Dinamarca, Espanha, Suécia e Suíça, reuniram-se na sede da federação francesa,
rapidamente aprovaram o estatuto e elegeram Guérin seu primeiro presidente.
Estava criada a Fédération Internationale de Football Association - FIFA.
Rapidamente
outros países deram seu apoio à nova entidade: Alemanha, Áustria, Hungria e
Itália. A Inglaterra, que esnobara Guérin, solicitou em 1905 sua inscrição.
A
FIFA, que realizou seu segundo congresso em 1905 e desejava promover um
campeonato já em 1906, estipulou o prazo de inscrição até 31 de agosto de 1905,
porém ninguém se inscreveu. A razão é simples: vários países já contavam com
times profissionais e não queriam participar com seleções amadoras, exigência
da FIFA.
A
intransigência de Guérin em manter o amadorismo criaria um cisma na entidade
que acabaria resultando na renúncia do francês. O inglês Daniel Woolfall
assumiu a presidência da FIFA em 1906 e preferiu deixar as coisas como estavam.
O futebol continuaria a participar dos Jogos Olímpicos e um torneio mundial
exclusivo teria que esperar.
A FIFA
ficaria estagnada até 1921 por diversos fatores, internos e externos,
principalmente o pouco empenho de Woolfall e a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Passado o conflito, foi eleito para presidi-la Jules Rimet, que
levaria o sonho da Copa do Mundo adiante.
Rimet,
cada vez mais convencido de que o futebol poderia realizar um campeonato
independente, redobra os esforços para conseguir seu objetivo.
No
congresso realizado em fevereiro de 1927, foram apresentadas propostas para a
realização de uma Copa da Europa, que se realizaria de dois em dois anos, e
outra da Copa do Mundo a ser disputada de quatro em quatro anos.
A Copa
do Mundo era quase uma realidade, todavia teria ainda que esperar um pouco
mais. No congresso de Amsterdã em maio de 1928, finalmente a 1ª Copa do Mundo
foi oficialmente marcada.
Seria
realizada em 1930, entre os meses de maio e junho. Cinco países apresentaram
suas candidaturas à sede da competição: Espanha, Holanda, Hungria, Itália e
Suécia. A Copa do Mundo, porém, aconteceria bem longe de qualquer um destes
países.
Em
1929, no congresso de Barcelona, os cinco países europeus retiraram suas
candidaturas e o Uruguai, na condição de único postulante, ganhou o direito de
realizar a 1ª Copa do Mundo de futebol.
Depois
de um quarto de século, enfim, a Copa do Mundo era uma realidade.
Os homens que sonharam com sua realização não poderiam
imaginar que a Copa do Mundo, ao longo do tempo, se tornaria a mais importante
competição de um único esporte e que a cada quatro anos mobilizaria a atenção
de bilhões de pessoas nos quatro cantos do planeta.
Sobre o autor:
Luiz Fernando
Baggio Monclar nasceu em 1958, exatamente quando o Brasil conquistou sua
primeira Copa do Mundo, na cidade de Curitiba, Paraná. É formado em Administração
de Empresas e torcedor apaixonado da seleção brasileira de futebol. Teve seu
interesse despertado para as Copas do Mundo aos nove anos, durante a Copa de
1966 na Inglaterra. Após a Copa de 2002, deu início a esta obra baseado em seu
conhecimento do assunto e na vontade de transmiti-lo a outras pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário