Muito mais do que uma “coleção”. Uma obra monumental sobre
as Copas do Mundo de Futebol. “A Grande
História dos Mundiais”, de Max Gehringer tem o tamanho da dedicação,
pesquisa e elaboração para que tudo isso chegasse a nós, leitores. Um trabalho
de “formiga”, mais de 20 anos juntando pequenos e grandes detalhes. Sete
volumes históricos sobre as Copas do Mundo, o maior evento esportivo do
planeta. Tanta informação assim merece a justificativa do próprio autor. E a
resposta de Max Gehringer explica tudo: “Nenhuma outra competição esportiva se
compara à Copa do Mundo. Nenhuma gera tantas histórias, lendas ou infindáveis
discussões que vão continuar a ser repetidas e repisadas por décadas a
fio.”
Uma obra com essa dimensão não caberia toda em papel e
por essa razão só poderia ser publicada no formato e-book. Como nem todos ainda
estão acostumados a esse novo formato de leitura, vale acessar informações no
site da editora: http://blog.e-galaxia.com.br/todas-as-copas-do-mundo/
.
Sinopse (da
editora):
"A Grande História dos Mundiais" se destaca
entre a bibliografia sobre as Copas do Mundo não só pela extensa pesquisa, de
mais de 20 anos, nas mais variadas fontes, dentro e fora do Brasil, mas por seu
autor: o já consagrado Max Gehringer.
A proposta desta série de livros, que cobre todas as
Copas, é trazer a história completa dos jogos, as fichas técnicas comentadas em
detalhes, minibiografias das equipes vencedoras, os festejos dos campeões; e
ainda nos levar por uma viagem deliciosa pelos pôsteres, mascotes e
transmissões das partidas.
A seção “Enquanto isso, no Brasil...” relata a
preparação da seleção brasileira, lembrando desentendimentos, polêmicas e confusões.
Fatos curiosos sobre o Brasil no ano de cada Copa situam o leitor no tempo.
Nada é deixado de fora em "A Grande História dos Mundiais".
Combinando rigor de pesquisa com o já conhecido estilo
agradável e bem-humorado do autor, você vai conhecer novos fatos e relembrar
outros tantos sobre o mais popular evento esportivo do planeta: a Copa do Mundo
de futebol, essa competição em que um único erro individual põe tudo a perder
por quatro anos.
Este e-book é para fanáticos por futebol, como o autor, mas também
para curiosos, que poderão conhecer a história do século XX de uma perspectiva
inesperada.
"A Grande História dos Mundiais" é um gol de placa de Max
Gehringer.
Antes que a bola
comece a rolar...
Por Max Gehringer
Nenhuma outra competição esportiva se compara à Copa do
Mundo. Nenhuma gera tantas histórias, lendas ou infindáveis discussões que vão
continuar a ser repetidas e repisadas por décadas a fio. Tal fascínio pode ser
explicado por dois motivos.
O primeiro é a periodicidade. Disputadas a cada quatro
anos, as Copas possuem um reduzidíssimo número de vencedores. Se houvesse uma
Copa por ano, como ocorre com os campeonatos nacionais e estaduais, teríamos
quase uma centena de campeões mundiais desde 1930 e ninguém conseguiria mais se
lembrar quem venceu quando. Assim como as Copas, os Jogos Olímpicos também são
quatrienais, mas as conquistas que entram para a história são principalmente as
individuais, e a atenção se concentra no número de medalhas, não importa de que
esporte elas venham.
O segundo motivo é o sistema de disputa, por eliminação
direta, ou mata-mata. Pode não ser o critério mais justo para se definir um
campeão, mas é incomparavelmente o mais emocionante. Das oitavas de final em
diante, cada partida é uma decisão, e em todas elas a glória e o drama convivem
durante 90 minutos. E surpresas não são tão raras. No futebol, ao contrário do
que acontece em qualquer outro esporte coletivo, uma equipe mais fraca pode
vencer outra que lhe seja muito superior tecnicamente, o que acontece pelo menos
uma vez em cada Copa. Além disso, há o fator humano – um simples erro de um
jogador, que resulte na eliminação de seu país, nunca mais poderá ser
consertado.
Foram esses dois motivos que me levaram a pesquisar a
história das Copas. Mas, além deles, interessei-me também em tentar descobrir
fatos pouco conhecidos e curiosos, como, por exemplo, a incrível aventura da
delegação do México para chegar ao Uruguai em 1930. Comecei a garimpar dados
ainda na era pré-internet, sempre usando como referência jornais da época, que
registraram os fatos no momento em que eles aconteceram.
Fui duas vezes à biblioteca pública de Montevidéu para
levantar informações sobre 1930 e 1950, e na Suíça tive acesso ao arquivo do
jornal Sport, preciso nos fatos e
neutro nas opiniões. Tive apenas a decepção de descobrir, em Zurique, que a
FIFA não mantinha em seus arquivos nem as súmulas dos jogos da Copa, nem os
relatórios dos árbitros, documentos vitais que ficam em poder das federações
dos países-sede dos torneios. O atual site da FIFA, portanto, é uma das fontes
possíveis de serem consultadas, mas não é a palavra final, por ter sido
construído a partir de outras fontes.
Já em tempos de internet, muitas hemerotecas
digitalizadas se tornaram públicas nos últimos anos, principalmente da Europa,
o que me permitiu revisar meus textos e agregar a eles mais uma infinidade de
fatos relatados no calor do momento. Tive também a preocupação de procurar em
jornais antigos, dentro e fora do Brasil, referências a histórias repetidas
através dos anos e aceitas como verdadeiras, como é o “gol descalço” de
Leônidas em 1938. Com certa decepção, constatei que muitas dessas saborosas
histórias foram, simplesmente, invenções de jornalistas brasileiros
interessados em turbinar a venda de seus periódicos. Aprendi muito, também, nas
reuniões do Memofut, um grupo cujo objetivo é preservar a memória do futebol e
que se reúne mensalmente no auditório do Estádio do Pacaembu. Lá descobri que,
por mais que um apresentador saiba sobre um assunto, tem sempre alguém na
plateia que sabe alguma coisinha a mais.
Em 2006, publiquei pela primeira vez meus textos na
revista Placar (A Epopeia da Jules Rimet,
em nove fascículos que cobriam as Copas de 1930 a 1970). Fiquei orgulhoso por
esse trabalho ter merecido uma coluna no prestigioso site da BBC de Londres,
embora não pelo motivo que eu gostaria – o irado repórter me desancou por eu
ter afirmado que a Inglaterra venceu a Copa de 1966 com um gol inexistente e
outro irregular na prorrogação, além de outras benevolências da arbitragem no
decorrer da competição.
Em 2010, publiquei o Almanaque
dos Mundiais pela Editora Globo, mas com somente 20% do material que
dispunha. Meu camarada Celso Unzelte ficou encarregado de tesourar a obra para
que ela coubesse em um livro impresso, um trabalho que declinei de fazer, já
que autores se recusam até a suprimir uma vírgula dos textos que escrevem,
quanto mais páginas inteiras deles.
Eu já havia me convencido de que meu material integral
jamais viria a público, dada a impossibilidade de encaixá-lo em livros
analógicos (no total, são perto de 4 mil páginas), quando surgiu o milagre do
e-book – no qual, ao contrário do que ocorre em outros departamentos, tamanho
não é documento. Assim, com o apoio da e-galáxia, pude finalmente trazer a
público mais de vinte anos de pesquisas, com todos os pontos e vírgulas
intactos.
Antes de passarmos ao que interessa, uma breve explicação
quanto ao formato. Cada Copa está dividida em quatro blocos. No primeiro, é
mostrado como o país-sede ganhou o direito de promover a fase final e alguns
detalhes específicos relacionados a ela (o pôster, a música oficial, as
mascotes, os estádios e suas capacidades, as transmissões por rádio e
televisão, os investimentos etc.).
No segundo bloco, é contada em detalhes a história das
Eliminatórias. Fui fundo nessa parte (normalmente citada somente de passagem),
porque, a partir da década de 1960, quando a quantidade de países inscritos
passou a ser muito maior que o número de vagas oferecidas, as Eliminatórias
assumiram um papel de “pequena Copa” para a maioria das nações do mundo,
aquelas cujas chances de classificação são remotas ou nulas, e cuja glória
muitas vezes consiste em conseguir uma única vitória nas partidas
eliminatórias. Ou mesmo um único lance, como no caso do gol-relâmpago de San
Marino contra a Inglaterra em 1993.
No terceiro bloco (“Enquanto isso no Brasil”), está o
relato da preparação da seleção brasileira, não raramente cercada por
desentendimentos, polêmicas e confusões. Esse bloco se inicia com uma lista de
dados, fatos e curiosidades sobre o Brasil no ano da Copa, para que o leitor
possa se situar melhor no tempo e, dependendo da idade, relembrar coisas de sua
infância.
O quarto bloco é o que se convencionou chamar de “a Copa”
– a fase final do torneio. A separação é feita por grupos, com a sequência
cronológica de jogos em cada um deles. Na abertura, há um quadro mostrando o
retrospecto dos países que compõem cada grupo. No exemplo a seguir, referente
ao Grupo 2 da Copa de 1974, a primeira coluna mostra que o Brasil já havia
disputado nove Copas, a Iugoslávia cinco, a Escócia duas e o Zaire nenhuma. Nas
colunas seguintes, vê-se que o Brasil disputara 38 jogos nos nove torneios
anteriores, com 26 vitórias, cinco empates e sete derrotas, marcando 103 gols
(GF) e sofrendo 49 (GC).
Grupo 2 Copas Jogos Vit. Emp. Derr. GF GC
Brasil 9 38 26 5 7 103 49
Iugoslávia 5 19 9 3 7 33 27
Escócia 2 5 0 1 4 4 14
Zaire 0
A seguir, são mostradas as fichas técnicas de todos os
jogos, com comentários sobre cada um deles (mais longos nos casos dos jogos do
Brasil). Na primeira faixa da ficha há três números, como se vê no exemplo
abaixo. O maior, no canto direito, indica a ordem cronológica da partida desde
a primeira Copa, em 1930. Brasil e Zaire disputavam então a partida de número
250 da história. Os números menores, após os nomes dos países, mostram que
aquela era a 41ª partida do Brasil e a 3ª do Zaire.
Brasil 41 3 Zaire 3 0 250
Na parte final do quarto bloco, são apresentadas
minibiografias do artilheiro, do juiz da final e dos jogadores da equipe
campeã, além das repercussões da Copa no Brasil, com as costumeiras lamentações
e acusações nas derrotas e os grandes festejos nas vitórias.
Estes e-books encerram o assunto? Nem de longe. É
provável que existam alguns enganos (sempre existem, para desespero dos
autores) e há informações que poderão ser acrescentadas, mas que só irei
descobrir quando novas hemerotecas internacionais forem disponibilizadas pela
Internet. A história das Copas jamais terá fim, e este é só o começo.
Já que você foi condescendente e leu até aqui, aguente,
por gentileza, este derradeiro parágrafo. Muita gente me pergunta por que
resolvi escrever sobre futebol, posto que me tornei mais ou menos conhecido por
discorrer na mídia sobre carreiras e empregos. A resposta é simples. Eu comecei
a me interessar pelo futebol em geral – e pelas Copas em particular – pelo
menos dez anos antes de pensar em ingressar no mercado de trabalho. E não creio
estar cometendo nenhuma heresia ao confessar que discuto futebol com muito mais
paixão do que discuto currículos. Espero que os fanáticos por Copas como eu
possam apreciar a leitura com a mesma satisfação que me dediquei às pesquisas e
à redação.
Boa leitura!
Sobre o autor:
Max Gehringer é formado em Administração e pós-graduado
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Apesar da carreira bem-sucedida como
executivo de grandes empresas (Pepsi-Cola, Pullman/Santista Alimentos, Elma
Chips, Frito Lay, nos Estados Unidos), Max abriu mão do poder e decidiu dividir
sua experiência ministrando palestras pelo Brasil.
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