No mundo informatizado, pesquisar ficou muito fácil.
Ainda assim, há um “mundo de informações” que ferramentas como Google ou
qualquer outro site de pesquisa consiga revelar. É esse o principal mérito do
jornalista Lycio Vellozo e sua Enciclopédia, “O Mundo das Copas – As curiosidades, os momentos históricos e os
principais lances do maior espetáculo do esporte mundial” (Leya e Lua de
Papel, 2010), como comprova o texto de apresentação da obra: “Há várias publicações
sobre o tema. Cada uma com sua versão particularizada, seja sobre a atuação do
Brasil, sobre determinada Copa, ou apenas com curiosidades. Por isso, poucas
trazem um enfoque global daquele que é considerado o maior torneio do planeta.”
Um projeto magnífico, que consumiu seis anos de pesquisa
e desenvolvimento. Quase 2 quilos de pura informação sobre futebol. Um livro
diferente das demais enciclopédias, com quantidade surpreendente de detalhes.
Você confere abaixo o prefácio da obra, assinado pelo
craque Tostão, além de algumas seções interessantes, como o curioso título, “cenas
insólitas”, e várias curiosidades, tradicionais em livros do gênero, mas com
conteúdo irreverente e interessante. E para quem quiser conferir muitas das
informações encontradas no livro, pode acessar o blog criado pelo autor, http://www.omundodascopas.com.br/
.
O maior espetáculo
esportivo da Terra
Por Tostão
Todos os livros, enciclopédias, que contam histórias da
Copa do Mundo, trazem detalhes das partidas, das seleções, dos jogadores, das substituições,
dos resultados, dos técnicos e de tantas outras informações. São livros para
serem consultados, colecionados, utilizados como fontes de pesquisa.
Hoje, todas essas informações podem ser encontradas, com
mais rapidez, na internet. Seria, então, o fim das enciclopédias? Claro que
não, como não haverá o fim dos livros, desde que as enciclopédias mostrem algo
diferente, além do prazer de folhear um livro, sentir seu cheiro e outras
coisas subjetivas, que estão em nossa imaginação, em nossa memória,
principalmente n as das pessoas de outras gerações.
É o que tenta mostrar a enciclopédia O mundo das Copas,
do jornalista Lycio Vellozo Ribas. O livro mostra detalhes de detalhes sobre
todas as informações, além de comentários técnicos e táticos, ilustrações
coloridas (feitas pelo autor) e análises de cada jogo. São mais de 700
partidas.
Como diversas Copas do Mundo aconteceram em épocas em que
não havia a preocupação de se guardar informações precisas, muitas coisas se
perderam ao longo do tempo. As análises das Copas mais recentes são muito mais
detalhadas.
![]() |
Portugal x União Soviética, decisão 3º lugar, Copa 1966. |
O livro, utilizando a tecnologia atual de pesquisa, além
das histórias que são passadas de geração para geração, tem a preocupação, de
resgatar coisas que nunca foram noticiadas ou que se perderam. Ao ver o filme
de uma antiga Copa, podem-se tirar do jogo milhões de informações,
estatísticas, que nunca tinham sido relatadas.
Muitas lendas sobre as Copas podem também ser
desmentidas. A história é feita dessa maneira. Verdades se tornam mentiras, e
mentiras se tornam verdades.
A Copa do Mundo é o maior espetáculo esportivo da Terra.
O livro conta tudo, ou quase tudo. A vida não é feita só de informações, mas
também de imaginação. Vocês vão adorar.
Cenas Insólitas
1930 – Iugoslávia 4
x 0 Bolívia
Diante da Iugoslávia, os 11 jogadores bolivianos
entraram, cada um, com uma letra na camisa. A ideia era formar a frase “viva
Uruguay”. Para quê? Para conquistar a torcida uruguaia. Porém, um dos jogadores
que usava uma letra “U” atrasou-se e, na foto oficial, o que se lê é “Viva
Urugay”. Nos anos 1930, não houve problema. Se fosse hoje, com a polêmica em
torno dos homossexuais...
1950 – Brasil 2 x
0 Iugoslávia
A Iugoslávia entra em campo com apenas 10 jogadores para
enfrentar o Brasil, no Maracanã. Motivo? O centromédio Mitic bateu a cabeça em
uma barra de ferro na escada de acesso ao campo e abriu um belo corte na testa.
A barra era resto da construção do estádio, ainda não totalmente acabada. Ele
só entrou em campo com 10 minutos decorridos – e a cabeça toda enfaixada.
1978 – França 3 x
1 Hungria
Dois adversários com camisas da mesma cor era algo
relativamente normal até os anos 1950. Conseguiria a Fifa acabar com isso? A
entidade achava que sim – pelo menos até 1978, quando França e Hungria entraram
em campo com camisas brancas. Os franceses perderam um sorteio e tiveram que
usar uma camisa com listras verticais em verde e branco, emprestadas por um
time argentino.
1994 – Bulgária 1
x 1 México
O jogo estava empatado em 1 a 1 quando o mexicano Bernal,
após cortar uma bola pelo alto, apoiou-se na rede e fez desabar a barra que a
sustenta. O que fazer? Para sorte do jogo, os norte-americanos tinham traves de
reserva e trocaram a baliza em rápidos 8 minutos. O empate persistiu e o jogo
foi para os pênaltis – curiosamente, batidos na trave trocada.
Dez Cabeludos
(Breiner, Caniggia, Gullit, Rodax, Valderrama, Nakata,
Lalas, Ronaldo, Hagi e Beckham)
Breitner
Polêmico, o alemão sempre usou cabelo comprido e
costeletas, como determinava a moda dos anos 1970. Na Copa de 1974, porém,
houve um exagero: ele quase parecia um leão, de tanto pelo na cabeça.
Gullit
Ninguém popularizou mais o cabelo rastafári que o
holandês. Ele já era adepto do estilo bem antes da Copa de 1990, sua primeira –
e única – na carreira. Depois disso, muitos passaram a imitá-lo.
Lalas
No começo dos anos 1990, o estilo grunge – cabelo comprido
cortado com certo estilo e cavanhaque – imperava entre os roqueiros. O ruivo
zagueiro-roqueiro dos EUA foi o exemplo típico
Hagi
O “Maradona dos Cárpatos” sempre usou um corte comportado
e nunca exagerou nas cores. Isso até a Romênia derrotar a Inglaterra, em 1998.
Para comemorar, ele – e a equipe toda – pintou o cabelo de amarelo.
Curiosidades
Copa 1974
Maluco Beleza
O atacante César “Maluco”, do Palmeiras, reserva na
seleção, quase causou um acidente pouco antes do jogo com o Zaire. Quando os
jogadores africanos desciam pela escada rolante do estádio, César apertou o
botão que invertia o sentido para “subida”.
Salvos
Pouco antes da Copa, a seleção do Uruguai viajou para a
Indonésia e para a Austrália, para disputar amistosos preparatórios. Uma mudança
de planos fez com que a delegação decidisse partir à noite, o que levou ao
cancelamento das reservas feitas anteriormente. O avião que seguiu sem a equipe
caiu e matou 107 pessoas.
Copa 1982
Querida, encolhi a
trave
Os travessões do estádio Ramon Sanchez Pizjuan, em
Sevilha, estava, 2,5 cm abaixo dos 2,44 m estipulados pelas regras do futebol.
O estádio recebeu Brasil x União Soviética, em 14 de junho, e o erro foi
descoberto no dia seguinte por um ex-goleiro iugoslavo. O estádio só voltou à
ativa nas semifinais, ao abrigar Alemanha x França – com as traves já
corrigidas.
Copa 1998
Bilhete bleu
O treinador Carlos Alberto Parreira, que comandava a
Arábia Saudita, tornou-se o primeiro a ser demitido durante uma Copa. Ele levou
o bilhete azul após a goleada de 4 a 0 sofrida diante da França. A ocasião criou
um precedente. Ainda durante a Copa, os coreanos despediram Bum Kum Cha (após a
derrota de 5 a 0 para a Holanda) e o polonês Henryk Kasperczak foi dispensado
do comando da Tunísia, depois de ver o time cair diante da Colômbia (1 a 0);
Foi com medo de
avião
O holandês Bergkamp se pela de medo de voar de avião. Por
isso, não acompanhava a delegação nos traslados. Enquanto a equipe voava de
cidade em cidade, ele seguia de carro com um assessor da comissão técnica.
Copa 2002
Plantão de polícia
Muitas seleções não tiveram climas tranquilos na Ásia. Os
suecos Mellberg e Ljungberg trocaram sopapos em um treino. O argentino Veron
incitou e ofendeu os ingleses antes do confronto entre ambos na Copa – o detalhe
é que ele jogava no Manchester United, da Inglaterra. E o senegalês Fadiga
tentou roubar um colar em uma loja na Coreia do Sul. Foi flagrado pelas câmeras
do circuito interno.
Sobre o autor:
Lycio Vellozo Ribas é publicitário e jornalista, formado
pela Universidade Federal do Paraná. Trabalha com esportes desde 1998, ano em
que começou a trabalhar no Jornal do Estado, em Curitiba. Como profissional de
jornalismo, viu de perto as Copas de 1998, 2002 e 2006. Mas a carreira como
pesquisador de futebol começou mesmo em 1982. De porte de um álbum de figurinhas,
ele acompanhou o Mundial daquele ano – e , assim como milhões de brasileiro,
sentiu-se órfão de uma seleção que jogava bonito, mas não levou o título. Ali,
começou a busca por informações sobre aquele que é o maior espetáculo da Terra.
Aos 14 anos. Redigiu e diagramou um livro sobre Copas do Mundo numa máquina de
escrever – originais que não foram publicados, mas que serviram de ponto de
partida para a atual obra. A admiração por futebol também lhe rendeu outra
paixão: a coleção de camisas. Raridades como a da Alemanha de 1954, a da União
Soviética de 1982 e a do Brasil de 1990 ajudaram a ilustrar este livro.
Como eu gosto de vir aqui...
ResponderExcluirUma viagem maravilhosa.
Beijo querido.
Bom final de semana.