São vários os clubes
brasileiros que surgiram antes de se tornarem famosos e com enormes torcidas no
futebol brasileiro. No entanto, só os mais apaixonados, hoje, conhecem ou
procuram se informar sobre as origens dessa paixão. Sorte do Botafogo do Rio de
Janeiro ter o escritor Rafael Casé, autor de vários livros consagrados na
literatura esportiva sobre o seu, mais do que clube de coração. E ele acaba de
chegar com mais uma história incrível sobre o “clube da estrela solitária”...E
tudo há de ter uma razão...até mesmo o significado deste que é um dos escudos
mais bonitos e famosos do planeta.
Sinopse (da Editora):
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Armando Albano (centro) |
Em “Como esta estrela veio
parar no meu peito - Os 70 anos da fusão do Botafogo” (Maquinária Editora), o
jornalista alvinegro Rafael Casé revive um dos episódios mais bonitos e
dramáticos da história do futebol brasileiro. Foi há 70 anos quando houve a
fusão do Botafogo Futebol Clube com o Botafogo de Regatas. Num jogo de basquete
entre os dois clubes (que tinham sedes e estatutos diferentes) ocorreu uma
grande tragédia. Em plena quadra, morria, vítima de um mal súbito, um jogador
do Botafogo Futebol, Armando Albano, craque também da seleção brasileira. Foi
uma comoção tão grande que, a partir dali, os dois Botafogos viraram um só,
dando origem ao escudo da Estrela Solitária. Para contar essa história, Rafael
Casé foi fundo. Além de uma pesquisa minuciosa que reproduz toda a trajetória
esportiva do Rio de Janeiro desde o fim do século XIX, o autor encontrou em São
Paulo o filho de Armando Albano, do qual, além de conseguir uma bela
entrevista, recebeu de presente a camisa que o atleta alvinegro usava quando
morreu. Trata-se de uma história comovente que reafirmará o orgulho de ser
botafoguense. O livro é ilustrado com fotos raras e o prefácio é do jornalista
Arthur Dapieve.
O RAIAR DE UMA ESTRELA
Por Rafael Casé
Eu não conheço um botafoguense sequer
que não tenha orgulho de ostentar nossa Estrela Solitária no peito. Já conheci
vários, inclusive, que não se contentaram em tê-la estampada na camisa e a
tatuaram na própria pele. Mas, o certo é que mais do que na bandeira, na
camisa, no boné, na faixa de campeão ou na própria pele, o botafoguense leva a
Estrela Solitária dentro do peito.
Daí o título deste livro que celebra
os 70 anos da fusão do Botafogo Football Club com o Club de Regatas Botafogo,
formando o glorioso Botafogo de Futebol e Regatas, pois foi justamente esta
fusão que colocou a estrela d’ alva, que guiava nossos remadores, no peito de
todos os botafoguenses.
O torcedor alvinegro, como poucos,
venera sua história, seus craques, suas conquistas. Por isso mesmo, esse livro
pretende resgatar uma das passagens mais importantes da trajetória dos dois
clubes de Botafogo que se tornaram um só.
"O Paraíso das Lacraias", primeira sede do Club de Regatas Botafogo, em 1900. |
Nas próximas páginas vou convidar
você a viajar no tempo. Voltaremos até a época em que o Rio de Janeiro, então
sede da Corte Imperial, e o esporte não conviviam. Um tempo em que, no máximo,
havia touradas e eventuais corridas de cavalo para entreter a população. A
partir de então seguiremos mostrando como as atividades físicas começaram a
fazer parte do dia a dia da cidade, principalmente por influência dos
imigrantes que aqui chegaram.
Você vai ver que o turfe, durante
muitos anos foi o principal atrativo esportivo do Rio de Janeiro e de que forma
ele foi suplantado pelo remo, esporte responsável pelo surgimento de alguns dos
grandes clubes cariocas como, por exemplo, o nosso Botafogo, fundado em 1894,
já no Brasil República.
Ainda por conta da influência
estrangeira e de muitos brasileiros que lá fora estudaram, o futebol plantou
sua semente em terras tupiniquins. Veremos como ela brotou fácil e cresceu
forte. O Botafogo Football Club se tornou o primeiro clube formado apenas por
brasileiros. O Fluminense, por exemplo, era quase um protetorado britânico
situado no bairro das Laranjeiras.
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Última foto, tirada no intervalo da partida fatal de Armando Albano. |
Conhecer as trajetórias dos dois Botafogo,
desconhecidas para muitos, é fundamental para entendermos os alicerces da nossa
paixão em preto e branco. São histórias que transcorreram em paralelo, até que
um episódio trágico as unisse. A morte do jogador de basquete Armando Albano,
em pela quadra, numa partida entre o Botafogo F.C e o C.R. Botafogo foi o
estopim de uma união que parecia óbvia, mas que teimava em não se concretizar.
O livro presta um tributo a Armando
Albano e mostra que ele foi muito mais que apenas um nome nessa história. Habilidoso
e determinado, conseguiu todos os maiores títulos que poderia conquistar em sua
época, integrando, inclusive, a primeira delegação brasileira de basquetebol em
Jogos Olímpicos, em Berlim, 1936. A camisa alvinegra ensanguentada que ele
usava na fatídica partida, até hoje guardada pela família, é um símbolo do amor
pelo clube e um relíquia histórica para o Botafogo.
Então, vamos entrar nessa máquina do
tempo e descobrir, de vez, como é que essa estrela veio parar em nosso peito?
PREFÁCIO
Sofrimento, solidariedade, elegância
Por Arthur Dapieve
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Último título de Albano, Campeão do Torneio Aberto da Federação Metropolitana de Basketball, em 1942. |
Toda boa causa necessita de um mártir. Com o Botafogo não
foi diferente. Foi preciso que um jogador de basquete – Armando Albano –
morresse em quadra para que algo hoje aparentemente tão lógico pudesse acontecer
em 1942: a fusão do Botafogo Football Club e do Clube de Regatas Botafogo. Foi
só a partir dessa tragédia, ainda hoje sem explicação médica, que os
presidentes das duas agremiações do bairro carioca, agremiações que já
compartilhavam muitos sócios, além das cores preta e branca, começaram a tratar
da união. Antes deles, os jogadores do Regatas haviam renunciado cavalheirescamente
ao prosseguimento da partida, para congelar o placar no qual o Futebol – de
Albano – era vitorioso por 23 a 21. Fica a lição, para nós, seus torcedores: o
Botafogo de Futebol e Regatas nasceu do sofrimento, da solidariedade e da
elegância.
O sofrimento continua nas arquibancadas; a solidariedade também
está lá, entre os que a frequentam ou, ressabiados com recentes frustrações,
assistem aos jogos protegidos pela TV; e a elegância está no peito de todos: a
estrela solitária. Esta foi a contribuição mais marcante do Clube de Regatas
Botafogo ao novo Botafogo de Futebol e Regatas. Ao acordarem para remar, os seus
atletas viam brilhando no céu a Estrela d’Alva (na verdade, o planeta Vênus, batizado
em honra à deusa romana do amor e da beleza), e ela acabou se fixando sobre o
fundo preto de suas camisetas. Com a fusão, a Estrela Solitária ganhou, como
símbolo do recém-criado Botafogo de Futebol e Regatas, do monograma BFC do Botafogo
Football Club.
Aliás, não tinha como não ganhar. Não existe símbolo tão
forte no universo do futebol. Em qualquer eleição honesta de design mais belo
ou de mais bonito escudo de um time de futebol internacional, sua elegante
simplicidade triunfa sobre a profusão de letras e desenhos rococós que
representa todos os outros clubes da Terra. Coletada em Como essa estrela veio parar no meu peito, este livro no qual o
pesquisador alvinegro Rafael Casé historia não só a fusão como a vida dos dois
clubes até a morte de Albano, a opinião de um designer brasileiro é de que
“tecnicamente, o escudo possui altíssimos níveis de legibilidade, redução,
reprodução (inclusive dentro do mais baixo custo de reprodução gráfica, em
preto e branco, em qualquer técnica), reversibilidade, pregnância,
simplicidade, o máximo da concisão sem perder o impacto”.
Instintivamente, o torcedor sabe disso desde criancinha. Eu
soube disso tudo desde criancinha. Estava com meu pai, assistindo a um circo estrangeiro
no Maracanãzinho, no final dos anos 60. Generoso, vascaíno e desapegado do
futebol desde que presenciara o Maracanazo
de 1950, ele me disse para escolher a bandeira que eu quisesse entre as
carregadas por um vendedor – e que eu torceria pelo time nela representado.
Como poderia uma criança de quatro ou cinco anos resistir ao pavilhão listrado
em preto e branco, à estrela branca de cinco pontas sobre fundo preto no canto
superior esquerdo? Não podia. É isso: eu não me tornei botafoguense por causa
de Jairzinho, Gérson, Paulo César, Roberto e Rogério, os craques daquele tempo;
tornei-me botafoguense por causa da Estrela Solitária. Só depois descobri que
ganhara a sua bandeira e, “de brinde”, recebera um time brilhante e uma
história gloriosa. Nada mau.
Com o passar do tempo fui colecionando histórias que
confirmam o poder do símbolo maior do Botafogo, a sua enorme força
gravitacional. Como a do conhecido de um conhecido que, ao passar por um píer
em Estocolmo, descobriu entre as velas ali ancoradas uma estrela solitária
sobre fundo negro. Seria coincidência? Não, não era, apuraria o meu conhecido
em segundo grau. O proprietário do barco se enamorara pelo Botafogo durante uma
excursão do time pela Suécia, colecionava recortes e decidira embelezar a vela com
a Estrela Solitária.
Ou ainda como a história do meu amigo francês (e alvinegro)
a quem presenteei com a camisa vintage
do Garrincha. Ele a estava vestindo no metrô de Paris quando um jovem
compatriota, filho de imigrantes africanos, se aproximou fascinado e perguntou,
puxando assunto: “Esta não é a camisa de um clube de futebol chamado Botafogo,
senhor?” Ou como o momento dos anos 80 em que foi moda, nas discotecas de
Londres, ir dançar vestindo a nossa camisa alvinegra, entendida como peça de
bom gosto, preto e branco básico. Cores chapadas ou listras horizontais, além
de tudo, engordam.
Claro que não adiantaria ter no peito um símbolo tão
poderoso se o Botafogo de Futebol e Regatas – e, antes dele, o Clube de Regatas
Botafogo e o Botafogo Football Club – não tivesse se coberto de glórias nas
águas e nos campos de futebol do Rio e do mundo. Glórias que despertaram o
entusiasmo de poetas, como Olavo Bilac, Augusto Frederico Schmidt (que, aliás,
era presidente do Regatas quando da morte de Armando Albano e da fusão), Paulo
Mendes Campos e Vinicius de Moraes. Se olhar para o céu e sonhar com as estrelas
é coisa de poetas, somos todos poetas, nós que carregamos a Estrela Solitária
do lado de fora e do lado de dentro do peito.
Sobre Rafael Casé:
Apesar de trabalhar há
20 anos com TV, a alma e o coração de Rafael Casé são e sempre foram em preto e
branco. Marido de Fernanda e pai de Clara, que também possui genes alvinegros,
é jornalista e relações públicas, formado pela Universidade do Estado do Rio de
Janeiro. E é na própria Uerj que dá aulas de Jornalismo. Também é
editor-executivo do programa “Observatório da Imprensa”, da TV Brasil. Já
escreveu outros cinco livros: “Programa Casé – O rádio começou aqui”; “De
Homem pra Homem – Manual de Sobrevivência para Solteiros e Descasados na
Cozinha”, “100 Anos Gloriosos – Almanaque do Centenário do Botafogo”, este, em
parceria com o também jornalista Roberto Falcão, "21 depois de 21", em parceria com Paulo Marcelo Sampaio e “Quarentinha – O artilheiro
que não sorria”.
Nossa.
ResponderExcluirsou apaixona por futebol...
Estou ficando apaixona pelo seu blog.
Maravilha de histórias nos conta.
Um abração.
Interessante!
ResponderExcluira História do meu Xará...
e do meu Time de Coração!
é Xará em dose Dupla..
hehehe!!!