Para a história
da literatura esportiva, pouco importa se o clube ou jogador é famoso, que
vivia nas manchetes dos principais jornais brasileiros. Preservar e resgatar a
história de clubes e craques do passado é a obrigação de todo e qualquer
pesquisador que se interesse pelo tema futebol. E quando o clube não é badalado
na dita “grande imprensa”, mais louvável se torna o trabalho de um pesquisador.
É o caso, agora, de Wesley Machado, um jovem jornalista e já escritor da terra
de Oldemário Touguinhó (um dos grandes nomes do jornalismo esportivo
brasileiro), Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Wesley está
relançando agora a 2ª edição revisada e ampliada do livro Saudosas Pelejas - A História
Centenária do Campos Athletic Association. O livro é resultado da
pesquisa que ele fez para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Jornalismo
no ano de 2008 na Faculdade de Filosofia de Campos.
Editado pela
Grafimar Editora (mas bancado com recursos do próprio autor), o livro tem 192 páginas com capítulos que contam as histórias
dos cinco títulos citadinos do "Antigo Leão da Coroa" nos anos de 1918,
1924, 1932, 1956 e 1976. Saudosas Pelejas traz ainda
histórias curiosas, como a do jogo em que o Roxinho, como é conhecido, fez seis
gols, sendo três contra, e a partida terminou empatada em 3 a 3. Uma notícia do
assassinato de um jogador do Campos também é registrada no livro.
"Saudosas
Pelejas" tem apresentação do craque Afonsinho, que chegou a disputar um
amistoso pelo Campos contra o Palmeiras em 1974 e atualmente escreve para a
revista Carta Capital; e prefácio de
Péris Ribeiro, autor da biografia de Didi "Folha Seca", vencedor do
Prêmio João Saldanha de Jornalismo Esportivo em 2011, que Literatura na
Arquibancada traz abaixo.
Apresentação
Campos A. A.,
um foco de luz no meu caminho dentro do futebol
Por Afonso
Celso Garcia Reis (Afonsinho)
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Time do Campos com Afonsinho. |
A palavra Campos
por si sempre revela a ideia da força histórica do povo dessa região. Ficou em
relevo na minha memória a participação naquele jogo maravilhoso contra o
Palmeiras. Até hoje não compreendo bem como foi possível o alviverde paulista
se apresentar num amistoso com todos seus “cobras”, boa parte deles da seleção
brasileira e dirigidos pelo exigente Brandão, um dos treinadores mais
vencedores do futebol sul-americano.
Mais uma
demonstração do poder da gente campista.Também não sei de quem partiu a
inspiração de me convidar para o grande evento. Os grandes acontecimentos
surgem de ideias ousadas de pioneiros iluminados. O Campos fez uma jogada de
grande efeito.
![]() |
Afonsinho |
A importância da
partida, para mim, sei de boa consciência, o seu valor. Havia conquistado o
“Passe Livre”, que cravou minha carreira para sempre. Mas e agora? Numa
atividade coletiva, dependendo de companheiros e adversários, instalações e
outras condições necessárias, como seguir em frente? Fiz alguns jogos “avulsos”,
pelo menos dois, o de Campos e o da estreia do Edu Coimbra pelo Bahia para o
qual ele se transferiu saindo do Flamengo.
Esse jogo também
foi marcante. O extraordinário craque fez um gol de bicicleta da meia lua num
lançamento meu que não foi forte o suficiente para chegar na sua frente e o
obrigou ao recurso genial da pedalada aérea. Ficou um bom tempo servindo de
abertura do programa de esporte da hora do almoço na Bahia.
O passo seguinte
foi reunir alguns companheiros sem contrato (extinção dos aspirantes) e
fundarmos um time para podermos continuar jogando profissionalmente. Nasceu o
Trem da Alegria, que teve o campista Marcolino (morto em 2011) e que tem o nome
em homenagem ao Garrincha (Alegria do Povo), que também foi fundador. Até hoje
seguimos atuando amistosamente.
Campos sempre
presente na voz do queridíssimo Roberto Ribeiro apenas para citar um de tantos
amigos e companheiros desde o juvenil do Botafogo e outros clubes (o Flu tinha
vários campistas) passando pela escola de Medicina e outros campos de atuação.
Enfim, o Campos
é uma marca profunda gravada com Alegria no meu couro curtido de tantas
estradas. Torcemos para que aproveite o entusiasmo do seu Centenário e retome
sua trajetória de Glorias.
Prefácio
Reverenciando
a história
Por Péris Ribeiro
![]() |
Péris Ribeiro, o Perinho. |
Um dos heroicos
fundadores da Liga Campista de Desportos, no ano de 1914, o Campos Atlético
Associação estava, de há muito, à espera de alguém que se propusesse a
registrar o seu vasto e belo legado para as novas gerações. Um legado que fala
de uma história deveras singular, onde as glórias e as lutas pela sobrevivência
sempre se misturaram com a mais densa intensidade.
Campeão campista
em 1918, já ali o celebrado “Leão da Coroa” deixava evidenciado que jamais iria
temer os confrontos com os poderosos Americano, Goytacaz e Rio Branco. E foi
essa, por sinal, a tônica do seu desempenho décadas a fio, transformando
o Estádio Ângelo de Carvalho em um verdadeiro “ alçapão” para os grandes.
Nele, o Campos raramente perdia. E se isso acontecia, a vitória
adversária só vinha depois de muita luta, muito sofrimento, muita raça mostrada
em campo.
Campeão da
cidade mais quatro vezes, dono de várias outras conquistas em torneios
amistosos e campeão, também, nos eletrizantes Torneios Início – competição
tradicional, que marcava festivamente o começo de cada temporada-, o Campos
Atlético Associação merece ser saudado, sempre, como um autêntico orgulho do
desporto campista. E é isso, efetivamente, o que presenciamos agora.
Aliás, não custa
lembrar que a história está aí mesmo para ser estudada, vivida. Não tem como
passara ao largo, fingir desconhecimento. Ainda mais que, desconhecendo o
passado, sequer dimensionamos o presente. Muito menos, somos capazes de
projetar o futuro. A história é tudo!
Só que, neste
país chamado Brasil, é comum ter-se medo, um grande medo da história. Daí o
falso desdém, com frases do tipo “quem gosta de passado é museu”, “história é
coisa de gente velha”... Coisa típica de um país de mentalidade leviana. Que
projeta uma população capaz de registrar os mais elevados índices
de analfabetismo, em qualquer pesquisa nos mais variados órgãos especializados
da ONU.
Ainda bem que,
vez por outra, surge alguém como esse Wesley Machado. Um jovem desabrido em sua
sede de pesquisas, capaz de mergulhar com contagiante entusiasmo no mágico “
faz de conta” dos heróis de outros tempos. Ainda bem!
Com este livro
sobre o Campos A. A., tenho certeza, Wesley não só crava a sua marca como o
mais promissor dos jovens pesquisadores do esporte campista. Vai além.
Insere-se - e insere-se com méritos - como um novo nome no olimpo
dos jovens escritores esportivos do nosso país. Que o futuro lhe seja
promissor.
Sobre Wesley Machado:
É
jornalista formado em 2008 pela Faculdade de Filosofia de Campos. Atualmente
trabalha como repórter na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Campos. No
início dos anos 2000, durante o Fórum Social Mundial, organizou a
Pelada Social Mundial, que reuniu deficientes físicos, índios e rappers paulistas
em Porto Alegre-RS.
No
final do primeiro ano da segunda década do século 21, Wesley teve a crônica
"O Palito de Churrasco" (http://estrelasolitarianocoracao.blogspot.com.br/2011/10/o-palito-de-churrasco.html)
selecionada no 2º Concurso de Crônicas Alvinegras do Botafogo de Futebol e
Regatas e publicada no livro "A Magia do 7" (http://www.livrosilimitados.com.br/loja/produtos_descricao.asp?lang=pt_BR&codigo_produto=145),
editado pela "Livros Ilimitados". Outros projetos de literatura de
Wesley relacionados a futebol são o livro sobre a questão do negro no futebol,
fazendo referência à obra clássica de Mario Filho e trazendo à tona novas
"descobertas", o livro sobre o centenário do Americano Futebol Clube,
de Campos-RJ; que será comemorado em 2014, ano da Copa no Brasil; e a biografia
de Amarildo, "O Possesso", campeão mundial com a Seleção Brasileira
em 1962 no Chile.
Wesley, Perinho, Afonsinho...
ResponderExcluirCaraca! Só fera...
100 anos do famoso "Campo do Campos" como eu dizia na época de menino, morador da Rua Teixeira de Melo.
Tenho que ir ao lançamento de SAUDOSAS PELEJAS.
Já é.
Como faço para adquirir um exemplar do livro? Meu pai jogou no Campos. Ramon, camisa 10 do grande time 74. A camisa do Ademir da Guia daquele hoje aindavesta guardada. Ele está na foto do time que enfrentou o Palmeiras agachado com as mãos na bola. Parabéns pela iniciativa e pela obra.
ResponderExcluirA camisa do Ademir da Guia daquele jogo está guardada até hoje!
ResponderExcluirCaro Gustavo,
ResponderExcluirSó agora estou vendo suas mensagens.
Procurei seu perfil no Facebook e não achei.
Entre em contato comigo pelo e-mail: wmescreve@gmail.com
Atenciosamente,
Wesley Machado
(Autor do Livro do Centenário do Campos)
Gostaria de saber se nesse livro tem foto do ex lateral MURILO,posado com o time.
ResponderExcluirZé Neto, veja se o Murilo (É o que veio do Flamengo né?) está em uma das fotos da reportagem do link a seguir: https://vivalaresenha.wordpress.com/2017/09/19/ex-jogador-guarda-camisa-que-ganhou-de-ademir-da-guia/
ResponderExcluirWesley Machado
Link gerado: <a href="https://vivalaresenha.wordpress.com/2017/09/19/ex-jogador-guarda-camisa-que-ganhou-de-ademir-da-guia/”>https://vivalaresenha.wordpress.com/2017/09/19/ex-jogador-guarda-camisa-que-ganhou-de-ademir-da-guia/</a>
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