Há 20 anos o São Paulo Futebol Clube conseguia “conquistar
o mundo” ao derrotar no Japão, a toda poderosa equipe do Barcelona. E para
relembrar aquela trajetória a literatura esportiva está ganhando de presente
mais um livro sobre aquela conquista: 1992 – O mundo em três cores. Desta vez o feito é
detalhado por nada menos que o líder daquela equipe: Raí. A obra é assinada com
o jornalista André Plihal, dos canais ESPN.
1992 – O mundo em três cores
(sinopse, da editora)
“O início dos
anos 1990 estava difícil para o futebol brasileiro. A recente derrota na Copa
da Itália para a Argentina, os campeonatos internos desprestigiados, o público
deixando as arquibancadas... o sentimento de tristeza imperava na alma do então
tricampeão do mundo.
É nesse cenário
que começa a surgir um grupo de jogadores comandados por um mestre que transformava
depressão em euforia. Pela primeira vez o São Paulo se tornaria campeão do
mundo, desbancando um dos maiores clubes do mundo, o Barcelona. O líder da
equipe, Raí, e o jornalista André Plihal contam em 1992 – O mundo em três cores de que forma o time cresceu e virou uma máquina de
ganhar títulos, jogando o mais puro futebol brasileiro, em toda a sua essência.
Raí faz um retrato fiel de Telê Santana, de como o técnico unia e comandava os
jogadores, e explica a importância de cada integrante do esquadrão, exaltando o
trabalho em equipe e o respeito que tinham um pelo outro.
O livro ainda
traz a ficha técnica de todos os jogos da temporada de 1992 e um caderno de
fotos para nenhum fanático botar defeito. Na caixa também vem um flipbook com
os dois golaços de Raí na final contra o Barcelona, para o torcedor rever os
momentos decisivos da partida a qualquer hora”.
Em seu site, Raí explicou a razão do livro: “Escrever
este livro não é dar a fórmula do sucesso, mas, sim, compartilhar os
aprendizados e as sensações daquele sucesso”. (...) “Dividir aquele momento é,
também, reviver a magia, além de compartilhar vários aspectos e ângulos de quem
esteve lá dentro.”
Enquanto o livro não é lançado, relembre o que o craque
Raí descreve sobre aquela decisão histórica, contra o Barcelona, em artigo escrito
para o Estadão, no espaço “O jogo da minha vida” (http://infograficos.estadao.com.br/jogo_da_minha_vida/rai).
“Ser campeão mundial foi uma sensação tão surreal que,
quando eu consegui dormir, sonhei que estava fazendo o terceiro gol. Não queria
que acabasse nunca. Lembro que chegamos bastante confiantes porque tínhamos
feito um jogo contra o Barcelona em agosto e ganhamos por 4 a 1. Mesmo assim,
sabíamos que eles tinham o melhor time do mundo e precisávamos estar muito
concentrados. Chegamos ao Japão muito focados, pensando apenas no jogo. Já o
Barcelona chegou mais autoconfiante, teve até um certo exagero.
Nós também fizemos um bom relacionamento com os
japoneses. Havia muitos parentes de brasileiros, estávamos nos sentindo
absolutamente em casa. Me recordo ainda de um detalhe que pouca gente sabe. No
vestiário, antes do jogo, de repente, o Zetti e o Pintado apareceram com uma
tinta usada por jogadores de futebol americano debaixo do olho. Era uma coisa
de guerreiro.
Aquilo influenciou o nosso ritual, o clima entre os
jogadores. Sabíamos que não podíamos deixar essa chance escapar. A gente não
sabia se teria outra oportunidade. Eu, pouco antes de entrar no campo, ainda
falei que o jogo seria equilibrado porque os dois times eram muito fortes, mas
que eles não tinham a mesma união que nós. A gente tinha uma amizade muito
forte.
Quando começou o jogo, porém, sofremos uma ducha de água
fria com o gol, demoramos uns cinco minutos para acalmar. A experiência do
Cerezo, Zetti e do Ronaldão foi importante. A confiança voltou, e melhorou
ainda mais quando empatamos o jogo. O gol saiu em uma jogada que eu já conhecia
do Müller.
Ele sempre cruzava com efeito. Eu sabia que era só deixar
bater porque a bola já tomaria o caminho certo se pegasse em qualquer lugar do
corpo. Acabei pegando de barriga, não teve jeito.
Fomos para o intervalo com o jogo empatado, e o seu Telê
estava tranquilo, nunca o tinha visto assim. Se preocupou muito mais em
orientar, corrigir um detalhe, ao invés de cobrar. Era uma coisa fora do normal,
o Telê sempre foi agitado. Sei que o time voltou confiante por causa disso.
O jogo continuou equilibrado até que conseguimos marcar o
segundo gol. Saiu em uma falta que treinamos o ano inteiro, mas nunca havia
dado certo. Mas naquele momento foi perfeito. Sempre perfeccionista, o seu Telê
cobrava muito nos treinos. Quando a bola entrou, não pensei em nada, não foi
programado, mas fui abraçá-lo.
Não porque ele cobrava nos treinos de faltas, mas porque
merecia o título por tudo que havia feito pelo futebol, foi como entregar um
prêmio. Depois disso, foram 11 minutos, mas poderiam ser 20, 30 que não iríamos
perder, ninguém iria tirar o título da gente. Lembro que, depois do jogo, o
Cruyff disse: ‘Se é para ser atropelado, que se já por uma Ferrari’. Ele tinha
razão: tínhamos um timaço”.
Para matar a saudade dos tricolores, o jogo contra o
Barcelona:
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