Há seis anos o futebol brasileiro perdeu um de seus
maiores craques. Roberto Dias não teve em vida o merecido reconhecimento. Sorte que, pouco antes de sua morte, o jovem jornalista Fabio Matos
acabou transformando a vida de Roberto Dias em um livro, simples, porém
fundamental para a bibliografia da literatura esportiva brasileira. A obra, na
verdade, surgiu a partir de um Projeto Experimental da Faculdade Cásper Líbero.
Um trabalho acadêmico, mas com metodologia e preocupação profissionais.
Como o próprio autor menciona em nota de rodapé do texto
de apresentação da obra: “o texto original deste trabalho foi escrito ainda em
2006 – ano em que o autor realizou uma série de entrevistas com o biografado e
seus familiares, além de ex-companheiros de equipe e adversários, ex-técnicos,
jornalistas e são-paulinos ilustres que acompanharam a trajetória do
personagem.
No dia 26 de setembro de 2007, aos 64 anos, Roberto Dias Branco
faleceu no Hospital das Clínicas, em São Paulo, em decorrência de complicações
causadas por uma parada cardiorrespiratória sofrida no dia anterior”.
Ainda segundo o autor “de acordo com os números oficiais
do São Paulo, Roberto Dias disputou 450 partidas pelo clube. É o sétimo jogador
que mais atuou pelo Tricolor. Mas dados do Almanaque do São Paulo (Editora
Abril, 2005), escrito pelo jornalista Alexandre da Costa e que disponibiliza
fichas técnicas de 4.353 partidas da equipe, registram 523 jogos de Dias. O
critério adotado por este livro-reportagem foi considerar, em todos os casos, o
número maior de partidas de cada atleta, entre as duas fontes (São Paulo e
Almanaque). Sendo assim, os quatro jogadores que mais vestiram a camisa do São
Paulo foram os goleiros Rogério Ceni (que bateu o recorde no dia 27 de julho de
2005, chegando a 618 jogos, e continua em atividade), Waldir Peres (617 partidas)
e José Poy (565) e o lateral-direito De Sordi (536). Por tempo de permanência
no clube, o recordista é o atacante Teixeirinha, que defendeu o Tricolor entre
1939 e 1956 (17 anos), seguido por Rogério Ceni, que faz parte do grupo
profissional do São Paulo desde 1992”.
Roberto Dias atuou 25 partidas pela Seleção principal, mas foi cortado
da relação final da Copa de 66. Jogou ainda por CEUB (DF), Jalisco (México),
Dom Bosco (MT) e pendurou as chuteiras no Nacional da rua Comendador de Souza.
Abaixo, Literatura na
Arquibancada destaca o texto de apresentação da obra “Dias – A vida do maior
jogador do São Paulo nos anos 1960” (Editora Pontes, 2007).
Apresentação
“Quem vê aquele senhor de meia idade, corpo franzino,
cabelos e bigode brancos, sentado num banco em frente à pequena vila de casas
onde mora, no bairro de Moema, zona sul de São Paulo, não é capaz de imaginar
que se trata de um ex-jogador de futebol.
Aos 63 anos, Roberto Dias Branco mora no número 1301 da
Rua Canário, na casa 6, há quase quatro décadas, desde 1967. Assiste a vários
jogos transmitidos pela tevê, adora ser reconhecido por torcedores mais velhos
e, por sua simplicidade, parece não se dar conta da importância que teve na
história do São Paulo Futebol Clube. Como atleta, disputou 523 partidas com a
camisa do Tricolor entre 1960 e 1973, sendo o quinto jogador que mais atuou na
história da equipe em número de jogos e o terceiro recordista em tempo de
permanência no clube (13 anos).
Mas não é só por isso que Roberto Dias Branco tornou-se
um marco na história do São Paulo. Ele foi o representante maior de uma época
sem grandes glórias, sem grandes nomes, sem grandes craques – só ele e mais
ninguém. Muito por seu futebol assombrosamente técnico para um jogador de
defesa. Dias transformou-se no símbolo máximo de toda uma geração de
são-paulinos que hoje tem entre 50 e 60 anos.
Sem dinheiro em caixa e sem craques em campo (só Dias), o
Tricolor amargou o maior jejum de títulos de sua história. Foram quase 13 anos,
entre dezembro de 1957 e setembro de 1970, dez deles intensamente vivenciados
pelo craque. Mesmo assim, ou talvez exatamente por isso, ele é amado pelos
são-paulinos daquele tempo.
Nas páginas de Dias: a vida do maior jogador do São Paulo
nos anos 1960, como o subtítulo diz, é destacada a história de vida
deste grande personagem – e não apenas sua carreira profissional, também muito
rica. O livro se divide em quatro partes – Primeiros
Dias, Dias de Craque, Dias de Luta e Dias de hoje –, nas quais são
apresentados diferentes momentos da vida de Roberto Dias. Como as dificuldades
da infância pobre no bairro do Canindé, o começo da carreira, o auge como
jogador, a participação na Seleção Brasileira, o declínio profissional, os
graves problemas de saúde e os dramas familiares.
O leitor se vê diante de uma figura complexa, repleta de
histórias alegres e tristes, incoerências e fraquezas, desafetos e ídolos,
temores e expectativas. Traços que fizeram de Roberto Dias Branco um craque
como poucos e que o tornam, até hoje, um ser humano como qualquer outro. E um
personagem único”.
Literatura na Arquibancada sugere ainda a leitura do
texto escrito pelo jornalista Ricardo Kotscho (são-paulino confesso) um ano
após a morte do craque Tricolor.
"Querido amigo que saudades..... seis anos se passaram. Agradeço pelo senhor ter feito parte na minha vida, parte da minha história, só lembranças boas da minha adolescencia.
ResponderExcluirObrigado por abrir as portas de sua casa e permitir como se fosse minha quantas brincadeiras..... quantas festinhas.... quantos encontros inesquecíveis.
Agradeço a suas filhas Roberta e Samantha pela nossa amizade....e muito feliz por reencontra lás depois de quase 30 anos...
Roberto Dias, pra mim não era o jogador, era um homem maravilhoso que sabia receber todos os amigos da seus filhas, acolhedor, amigo, integro, respeitador, um ser humano fabuloso, o pai das minhas amigas, que fez história no futebol e na minha vida e será sempre um personagem único. Saudadesss... eterna.
Maura Cristine Corrêa da Silva