Há 12 anos o
Brasil conquistava o pentacampeonato mundial de futebol. Tempo passado, começam
as reflexões sobre o momento histórico. Cada um processa a história de uma
maneira. Jornalistas e escritores pesquisam o fato, as mil e umas versões de
uma jogada, convocação, substituição, gol, erros e acertos.
E na visão de um
poeta apaixonado pelo futebol - e se for pelo Vasco da Gama, melhor – como Luis
Maffei, qual é a palavra minuciosamente pensada sobre aquela Copa?
Em seu primeiro livro chamado “A” (Oficina Raquel, 2006) estão registrados vários momentos dessa “viagem” à conquista do Penta.
Literatura na Arquibancada resgata dois deles, dedicados talvez às duas maiores figuras brasileiras na Copa de 2002: Ronaldo e Rivaldo. Faça você, leitor, a interpretação que quiser sobre esses instantes e fragmentos que o poeta criou com as palavras.
COPA DO MUNDO 2002
Rivaldo ato II
antes de tudo o forje.
o silício a
ourivesaria
e gotas de
futuro como a pedra no fundamento do forte.
antes os
golpes de mãos fechadas sobre a já
retorta
realidade
do ator.
antes a
máscara e o martelo e o palco vagina aberta
e o quiasmo
rijo como dentes em vitrine.
COPA DO MUNDO 2002
Ronaldo
Ronaldo
equinócio:
a mulher
inteira se despe e resta
apenas
o véu
órfico da cor da labareda:
venta na
dobra da estória.
acinzentada,
rumo ao sopro
ergue-se a
voz mesmo antes das
flechas e
seu
destino
curvo
de perspicácia.
Sobre Luis Maffei:
É Professor de Literatura Portuguesa da Universidade Federal Fluminense (Niterói/ Rio de Janeiro). Concluiu, em 2007, seu Doutoramento, que resultou na tese Do mundo de Herberto Helder. É membro do Pólo de Pesquisa sobre Relações Luso-brasileiras do Real Gabinete Português de Leitura do Rio de Janeiro. Como poeta, lançou, em 2006, A, seu livro de estreia, e, em 2008, Telefunken. Para a editora Oficina Raquel, coordena a série Portugal, o, dedicada à nova poesia portuguesa, que editou no Brasil antologias de Manuel de Freitas, Rui Pires Cabral, Luís Quintais e Pedro Eiras. Como ensaísta, escreve freqüentemente para periódicos de literatura, tendo textos em revistas como Telhados de vidro, Diacrítica, Camoniana e Metamorfoses. Recentemente, participou do livro “Contos da Colina”, com contos sobre o Vasco da Gama, seu clube de coração.
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