Ele
completa quarenta e três anos de vida no dia 23 de junho e, apesar do final
conturbado de carreira, continua a ser considerado um dos maiores jogadores do
futebol mundial de todos os tempos. Zinedine Zidane, ou simplesmente Zizou é como
um gênio da lâmpada que passou pelo mundo da bola realizando os desejos
impensáveis de milhares dos amantes do futebol. O futebol-arte agradece a este
verdadeiro “Deus” do futebol.
Literatura
na Arquibancada resgata duas obras que reverenciam o craque da camisa 10.
Primeiro, em A magia da camisa 10 (Verus Editora, 2010), e por fim, com a
biografia de Jean Philippe Patrick Fort, “Zinedine Zidane”, publicada no Brasil
pela Sá Editora.
A magia da camisa
10 - Zidane
Por
Vladir Lemos e André Ribeiro
“A última Copa da década de 1990 foi realizada na França. Se Baggio partiu sem poder disputar a final, outros dois camisas 10 viveram esse momento intensamente. Nascidos em cidades distantes do planeta, cercados por paisagens infinitamente distintas, o brasileiro Rivaldo e o francês Zinedine Zidane ficaram frente a frente, no dia 12 de julho de 1998, no Stade de France, para decidir o décimo sexto Mundial de futebol da história. Um confronto grandioso. De um lado, o Brasil e suas quatro Copas conquistadas; do outro, uma equipe anfitriã determinada, que se apresentava em campo como quem executa um plano minuciosamente traçado.
Após
noventa minutos de bola rolando, a França é campeã mundial pela primeira vez na
história das Copas, principalmente pela atuação espetacular de Zidane, o craque
da seleção azul. Os franceses talvez nem tenham sonhado com um placar tão
grandioso. A goleada por 3 a 0 não deixou dúvidas sobre a superioridade do time
que tinha como principal figura um filho de imigrantes argelinos, criado no
modesto bairro de Castellane, em Marselha. Um momento escrito com o capricho
reservado aos míticos.
A expulsão de Zidane contra a Arábia Saudita. |
Cortejado no início do Mundial, Zidane, autor de dois gols na inesquecível final, havia revelado seu lado explosivo na segunda partida da Copa contra a Arábia Saudita. Corria o segundo tempo, quando Zidane pisou no adversário, Fuad Amin, que estava caído no chão. Acabou expulso, e o descontrole lhe valeu uma suspensão por duas partidas. Após esperarem 60 anos para sediar o torneio, os franceses não o perdoaram, pois sonhavam com o triunfo inédito. Sabiam que não tê-lo em campo tornaria tudo mais difícil e puderam comprovar isso. A história poderia ter acabado diante do Paraguai, um confronto marcante, decidido na prorrogação. O gol de Laurent Blanc, marcado no oitavo minuto do segundo tempo extra, levou a França adiante e deu a Zidane a chance de redimir-se.
Como
uma criança que se retrai ao fazer algo errado, o camisa 10 francês atuou de
maneira discreta contra a Itália e em seguida contra a Croácia, nas semifinais.
Na final, Zidane poderia ter sido apenas o autor de gols, mas foi além.
Desfilou em campo sua elegância sedutora e habilidade refinada. Por isso,
quando o povo lotou as ruas de Paris, naquele 12 de julho, a alegria era ao
mesmo tempo perdão e reconhecimento.
Impressionar sempre foi uma virtude do garoto Yazid Zinedine Zidane, nascido em 23 de junho de 1972. Tinha quatro irmãos, e o pai, sr. Smail, trabalhava duro como repositor de prateleiras em supermercados para garantir o sustento de Zidane e seus quatro irmãos. Diferente do que costuma acontecer com os grandes atletas, Zidane não se entregou ao futebol tão cedo. Jogou em diversas equipes amadoras e, entre um golpe e outro de judô, sonhava repetir as façanhas de seu grande ídolo, o uruguaio Enzo Francescoli, que defendia o time do Olympique de Marselha. A maneira criativa de jogar com os amigos de bairro, no pequeno clube Septèmes-les-Vallons, despertou o interesse de olheiros do Cannes, em 1986. Três anos depois fez sua estreia como profissional contra o Nantes. Não demorou a conquistar a condição de titular pela visão de jogo fora do comum, além do chute forte e a especialidade nas perfeitas cobranças de faltas. Reconhecido como um meia ofensivo diferenciado, transferiu-se em 1992 para o Bordeaux, um dos mais importantes times da França. Nesse mesmo ano, disputou 35 partidas e marcou dez gols. Para chegar à seleção, Zidane usou e abusou de seu rico repertório de jogadas. Quando estreou diante da República Tcheca, em 1994, o time nacional atravessava um momento difícil, de transformação, pois havia ficado fora dos dois últimos Mundiais. Como fez quatro anos mais tarde no Stade de France, marcou dois gols, mas dessa vez garantiu apenas um empate.
No
dia 19 de março de 1996, os torcedores do Bordeaux encaravam com descrença a
partida contra o Milan, pelas quartas-de-final da Copa da Uefa. Era preciso
reverter um placar de 2 a 0 para permanecer na disputa pelo título. O Bordeaux
venceu por 3 a 0, graças aos passes precisos e uma atuação perfeita de Zidane.
Nem mesmo a derrota na final para o Bayern de Munique abalou seu prestígio,
reforçado por outros momentos brilhantes vividos na Eurocopa disputada na
Inglaterra.
A excelência de seu jogo fascinou o poderoso futebol italiano. Comprado pela Juventus, venceu o Campeonato Nacional logo na primeira temporada, em 1996, e foi a Tóquio viver um momento inesquecível. A final do Mundial Interclubes, disputada contra o River Plate, da Argentina, transformou seu velho ídolo, Enzo Francescoli, em adversário. O ex-menino pobre de Marselha venceu, mas nunca escondeu a vontade que teve de, repentinamente, abaixar e beijar os pés do homem que, em outros tempos, tinha alimentado seus sonhos.
O
sucesso com a camisa da Juventus fez o torcedor italiano compará-lo a Michel
Platini, outro craque francês que também vestira a camisa do time italiano.
Zidane, ou simplesmente Zizou, como era tratado pelos torcedores franceses, não
gostava da comparação, dizia que a única semelhança entre ambos era jogarem na
mesma região do campo.
Na
Eurocopa de 2000, o que a torcida francesa via era um Zidane ofuscado pelas
campanhas irregulares da Juventus. Se o Mundial de 1998 serviu para apagar o
desencanto das derrotas sofridas com o time italiano em 1997 e 1998 na decisão
da desejada Copa dos Campeões, a Eurocopa de 2000 pôs fim às dúvidas provocadas
pela campanha irregular com a Juventus. Numa prorrogação dramática, a França
derrotou a Itália e sagrou-se campeã continental.
Zidane, como havia acontecido depois da Copa de 1998, foi eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo. Em 2001, a negociação do camisa 10 com o Real Madrid marcou o mundo do futebol com cifras inéditas. Os mais de 64 milhões de dólares viraram um mero detalhe já na primeira temporada, quando Zidane, com um sem-pulo próximo à entrada da área, levou o time madrileno ao título da Copa dos Campeões, vencendo o Bayern de Munique, em Glasgow, por 2 a 1.
Uma
lesão muscular sofrida durante um amistoso contra a Coréia do Sul comprometeu a
participação de Zidane na Copa do Mundo de 2002. Sem ele, a França foi
surpreendida pelo Senegal e não passou de um empate contra o Uruguai. Restava a
Dinamarca. Zidane entrou em campo e somou à dor física a dor da derrota e da
eliminação precoce do Mundial.
De
volta ao Real Madrid, conquistou o Mundial Interclubes, o Campeonato Espanhol,
e foi eleito pela terceira vez o melhor jogador do mundo. A coroação definitiva
do craque francês da camisa 10 aconteceu em março de 2004, quando a Uefa, que
comemorava seu jubileu de ouro, promoveu a eleição do melhor jogador europeu
dos últimos 50 anos. Zidane venceu com quase 124 mil votos, deixando para trás
ídolos como o alemão Beckenbauer, o holandês Cruyff e o argentino Di Stéfano.
Na gratidão pela conquista, a definição de como sempre tratou o futebol:
“Estar ligado a jogadores que fizeram a diferença nos últimos 50 anos é algo de muito valioso. Para mim o futebol é tudo. Sempre foi a minha maior paixão e algo que sempre soube fazer bem. Ainda hoje, praticamente no final da minha carreira, tenho gosto em jogar futebol. É um privilégio”.
Ao
ver a França eliminada da Eurocopa em 2004, Zidane traduziu a derrota para a
Grécia como um sinal. Depois da estreia fantástica contra a Inglaterra,
marcando duas vezes na vitória de virada por 2 a 1, preferiu ensaiar a
despedida definitiva da seleção francesa. Não conseguiu. Poucos meses depois
decidiu retornar após um sonho estranho, interpretado pela imprensa espanhola
como uma experiência mística. Para Zizou, tudo não passou de um reencontro com
sua história:
“Uma noite acordei repentinamente às três horas da
madrugada e falei com alguém. Até meu último suspiro, não direi (com quem). É
muito forte. Essa pessoa existe e vem de muito longe. Tive uma espécie de
revelação, e tive vontade de voltar às origens, ao meu início no futebol
profissional, quando não era ninguém e estava tranqüilo aprendendo meu
ofício... Quando digo que volto com os bleus (a seleção francesa) não é para
acertar problemas pessoais, mas simplesmente por uma grande vontade de reviver
o que conheci”.
Zidane voltou a vestir a camisa 10 e ajudou a França a obter a classificação para o Mundial de 2006, na Alemanha. Seu único desejo, evidentemente, era disputar e vencer mais uma Copa, mesmo aos 34 anos. Mas as coisas não aconteceram bem assim”.
Na
primeira fase da Copa a França de Zizou teve um desempenho fraco, com dois
empates nas duas primeiras partidas contra Suíça e Coreia do Sul, e uma vitória
por 2 a 0 contra a fraca seleção de Togo. Zidane não jogou este confronto
decisivo no grupo francês, pois estava suspenso pelos cartões amarelos
recebidos nos dois primeiros confrontos.
Na
fase seguinte, em jogos de mata-mata, a França não poderia vacilar. E a estrela
de Zizou começou a brilhar. Nas oitavas de final, contra a Espanha, vitória de
virada, por 3 a 1, e Zidane marcando o seu. Os torcedores franceses passavam a
sonhar com mais título, como em 1998, principalmente após ver a atuação de seu
maior craque, Zizou. Na fase seguinte, nas quartas-de-final o reencontro com a
seleção brasileira após oito anos. E o “velho” Zizou genial demonstrou estar de
volta. Fez um grande jogo, a seu estilo, incluindo um “chapéu” em Ronaldo.
Liderou a França em campo na vitória por 1 a 0 e acabou eleito o melhor da
partida.
Na semifinal, contra Portugal, Zidane brilhou mais uma vez marcando o gol decisivo, de pênalti, na vitória por 1 a 0. Só se falava em Zizou e antes mesmo do jogo final da Copa de 2006, foi eleito o melhor jogador do mundial. Tudo conspirava para que após a final, Zizou fosse elevado ao trono dos “deuses” do futebol, mas não foi o que aconteceu. O último jogo de Zidane, a última vez que o amante do futebol-arte poderia ver o craque francês teve final melancólico. Nem mesmo o gol marcado de pênalti no tempo normal de jogo e que levou a partida para a prorrogação fez os torcedores do mundo inteiro se esquecerem do que Zidane faria aos cinco minutos do tempo extra. Cansado de ouvir insultos verbais do italiano Materazzi, Zidane reagiu com uma cabeçada no seu peito. O mundo ficou perplexo. Expulso a França acabaria perdendo o título mundial nas cobranças de pênaltis.
Para resgatar o que aconteceu após esse momento de descontrole de Zidane, Literatura na Arquibancada resgata um trecho da biografia escrita por Jean Philippe Patrick Fort “Zinedine Zidane”, publicada no Brasil pela Editora Sá:
“O
adeus com fanfarra, a camisa com os agradecimentos, a volta olímpica, o
eventual triunfo...Tudo se desfaz. Mesmo que os franceses ganhem, a festa não
será mais a mesma. Zizou sai do campo apertando maquinalmente os lábios e as
mandíbulas. Cabeça baixa, ele passa diante da mesa onde repousa o troféu, que ele
não tocará uma segunda vez depois de 1998. Desce as escadas que levam ao
vestiário. É de lá que ele assiste ao fim da partida, pela televisão. Abatido,
sem a tensão do França x Togo, quando as garrafas de água lançadas por ele e
Abidal voavam baixo a cada oportunidade perdida.
‘Por quê? Por quê?’. Passada a incompreensão, os comentaristas, sem outro elemento além daquilo que viram, começam a condenar aquele que incensavam de maneira exagerada alguns minutos antes. Seu gesto seria ‘imperdoável’, ‘indesculpável’. Um processo sem apelação, e mesmo sem depoimentos, acaba de se abrir. Zizou, o queridinho, se torna, para todas as redes do mundo, Zidane, o culpado. Culpado, antes de tudo, por ter destruído o sonho. A festa acabou. O rei modesto se transforma no rei maldito.
O
árbitro apita o fim do tempo regulamentar. Não há vencedores, mas apenas um
grande, imenso perdedor: o futebol. Um golpe provocou o afastamento de um
jogador excepcional. Uma cabeçada inoportuna, inesperada, que também desgasta a
imagem do esporte mais popular do mundo. Se, pelo menos, a ocasião fosse
aproveitada para afastar os vícios que corrompem o jogo...Os insultos só são
severamente punidos quando são dirigidos, de maneira audível, a um árbitro. E,
de modo geral, o jogador que reage é punido em lugar do que ataca. “Os senhores
perfeccionistas, depois do vídeo, ignoram os microfones que permitiriam
fustigar esses jogadores que, muitas vezes, se esquecem de lavar a boca antes
de entrar em campo”, escreverá, com pertinência, o árbitro Gilles Veissière em
sua crônica que aparecerá no dia seguinte no Nice-Matin.
(...)
Para os franceses, só restam lamentações. ‘Não sei se poderíamos ter ganhado se eu tivesse ficado dez minutos a mais no campo. Mas, para os pênaltis, acho que isso não teria mudado grande coisa’, declara Zizou, que não voltou ao campo para receber sua medalha de finalista.
Quando
seus companheiros chegam ao vestiário, ele se desculpa diante deles por tê-los
deixado apenas com dez homens. ‘Ninguém ficou chateado com Zizou. De qualquer
modo, não se sabe se isso teria mudado alguma coisa. Ele provocou sua expulsão,
nós sabemos por que, mas os grandes jogadores muitas vezes levam à provocação’,
observa Florent Malouda. (...) Todos preferem enfatizar sua imensa carreira e
esquecer a cabeçada. Nesse sentido, uma relativa prudência está em ação, com
todos os jogadores afirmando que não ouviram o que realmente foi dito. Mas uma
palavra é dita a guisa de evidência: armadilha. Armada e funcionando em alguns
segundos.
Sozinho
no vestiário, Zinedine Zidane pode meditar sobre seu gesto. Refletir sobre sua
sorte, sobre seu destino de herói particular, sobre o moral dos homens na hora
dos jogos do circo moderno, que não se desenrolam mais apenas em uma arena, mas
ao alcance dos olhos de todo o mundo.
Ele
não é mais um semideus.
(...)
Mas a grande pergunta envolve as palavras pronunciadas por Materazzi. Os boatos começam a correr. Segundo especialistas brasileiros de leitura labial, contratados pela Rede Globo, Materazzi insultou três vezes a irmã de Zizou. Outros especialistas, consultados na Inglaterra, acreditam ter detectado as palavras ‘filho-de-uma-puta terrorista’.
Os
intelectuais, que supostamente são ‘formadores de opinião’, dedicam-se
inteiramente à questão. Zidane teria inconscientemente se rebelado contra os
excessos de confiança, contra sua imagem de herói ou contra seu fim de
carreira; ele teria sido vítima de insultos racistas...Tudo isso, vindo ou não
de fontes ‘bem informadas’, é falso!
(...)
Zidane,
por seu lado, vai apresentar sua versão do ‘caso’. Ele ouve os conselhos dos
amigos antes de fazer contato com a TF1 e o Canal+, as redes ligadas a Zizou e
à equipe da França –, pois ele havia dito que reservaria a primeira de suas
explicações à imprensa inglesa. No dia 12 de julho, uma quarta-feira, depois do
almoço, ele grava com a jornalista Claire Chazar, conhecida apresentadora da
TF1, uma primeira sequência que será apresentada no jornal das 20 horas. Depois
vai ao Canal+ para uma longa entrevista com Michel Denisot – diretor do canal e
familiarizado com os arcanos do futebol francês.
Pela primeira vez em sua história, o Canal+ registra um índice de audiência superior aos outros canais: 33,5% às 20 horas, ou seja, seis milhões de telespectadores, e 24,4%, em média, durante a retransmissão.
Zizou
se abre e conta sobre seu Mundial antes de abordar o caso Materazzi e os
insultos, ‘coisas muito pessoais. Referentes a minha mãe e minha irmã. Você as
ouve um vez e tenta sair de perto. Foi o que fiz, já que ia me afastar do
futebol para sempre. Você as ouve duas vezes e, depois, uma terceira vez...’,
explica ele sem indicar explicitamente as palavras que escutou, mas confirmando
implicitamente que se trata daquelas que os especialistas revelaram.
‘Eu
sou pai de família. Peço desculpa a todas as crianças que assistiram à cena.
Meu gesto não é imperdoável. É claro que não é uma coisa que se faça. Digo isso
em alto e bom som porque ela foi vista por dois ou três bilhões de
telespectadores, e por milhões e milhões de crianças’.
Zizou, que se desculpou várias vezes na TF1 e no Canal+, procurou fazê-lo também para os ‘educadores’. Contudo, não se arrependeu de seu gesto: ‘Não posso fazer isso, pois significaria dizer que ele tinha razão de dizer aquilo tudo. E, não, ele não tinha razão. Acima de tudo, não tinha. Eu não posso me arrepender, não posso, não posso...Materazzi me provocou. Se não há provocação, não existe reação’”.
Dias
depois após a cabeça histórica de Zidane em Materazzi, a Fifa ouviu o
depoimento dos dois jogadores. E mais onze dias depois, a Fifa anunciava a
punição imposta. Penalidades financeiras, de 4.800 e 3200 euros, além da
suspensão de ambos: Materazzi, dois jogos pela seleção italiana; Zidane, três
jogos, punição que não teve nenhum efeito, pois Zizou não jogaria mais pela seleção
francesa. Aquela seria sua despedida com os “blues”. Jean Philippe, autor da
biografia de Zidane, encerra o episódio com um texto mágico:
“O
‘caso’ está juridicamente encerrado. A imagem da saída de Zizou com a cabeça
baixa continuará a ser uma dolorosa lembrança de um fim trágico, compreendido
por seus fãs incondicionais e pelos que apreciam os dramas (‘Só um herói épico,
um titã, um Hércules poderia partir ‘assim’, escreveu o Pravda – demonstrando que a alma russa percebe melhor que as
outras).
Mas é com a cabeça erguida que Zinedine Zidane atravessará a história do esporte. Nem super-homem nem salvador, nem deus vivo, daqueles que seus semelhantes gostam de procurar; ele foi bem mais que um artista ou um campeão. Foi um homem cheio de justiça, tentando conservar em seu âmago a mais bela das virtudes: a inocência.
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