Para um país que irá sediar um dos mais importantes
eventos esportivos do planeta, os Jogos Olímpicos,
seria fundamental existir uma política
esportiva clara e consistente a respeito da formação esportiva no país. Mas,
infelizmente, todos sabemos, não é isso o que acontece. Afinal, esporte não é
somente aquele das competições que estamos acostumados a assistir pelos meios
de comunicação, ou ao vivo, em estádios, ginásios e quadras. Esporte é algo que
começa bem longe desses lugares. Esporte é algo que as autoridades esportivas
ou não desse país, desconhecem sua real e verdadeira importância na formação de
qualquer cidadão.
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Prof. João Batista Freire |
E se há um profissional que conheça muito bem sobre tudo
isso é o professor João Batista Freire, um dos mais importantes nomes da
pedagogia da Educação Física brasileira.
Um homem que entende o esporte da
maneira mais ampla possível na formação de vida das pessoas.
E mestre João
Batista não desiste do seu discurso. Há dois anos ele lançou mais um de seus livros
espetaculares: “Ensinar esporte, ensinando a viver” (Editora Mediação).
Não desiste porque ele não cansa de escrever sobre esse
importante tema. É autor de obras importantes e saborosas de se ler como Educação de corpo
inteiro, da Editora Scipione, Educação
como prática corporal, da Editora Scipione, De
corpo e alma, da Editora Summus, Pedagogia do futebol e O
Jogo: entre o riso e o choro da editora Autores
Associados.
Na apresentação da obra feita pela Editora Mediação a
afirmação de que o novo livro do professor João Batista é “leitura muito importante para professores do Ensino
Fundamental e Médio”, deveria, na verdade, ampliar sua importância do público
leitor para toda e qualquer pessoa interessada na literatura esportiva
brasileira. A apresentação segue dizendo que “o livro traz profundos
ensinamentos sobre o esporte educacional em benefício a todas as crianças e
jovens deste país.
O autor, que trabalhou
muitos anos com jovens atletas, narra, com entusiasmo e sensibilidade, como
aprender a ser professor e, sobretudo, a gostar de ensinar, com reflexões e
relatos sobre sua própria maneira de agir no sentido de fazer do esporte uma
contribuição para a vida de milhares de alunos com quem conviveu. Ele salienta
que o esporte educacional não deve ter por objetivo principal buscar talentos
ou formar atletas campeões. Sua finalidade é formar alunos vencedores na vida
pelos ensinamentos que o esporte lhes propicia”.
Além de escritor, mestre João Batista mantém um blog que
deve sempre ser lido, o http://blog.cev.org.br/joaofreire/.
É nele que encontramos a explicação sobre a importância deste seu mais recente
livro: “Saiu meu novo livro, o que demorei mais tempo para escrever, o que
relata minha primeira e mais forte experiência pedagógica. Foram sete anos
ensinando esporte para mais de cinco mil crianças e adolescentes. Uma das
primeiras experiências de esporte educacional no Brasil. Isso aconteceu em São
Bernardo do Campo, no ABC paulista, em um centro esportivo na Vila Euclides, que
chamávamos de Elni”.
“Ensinar esporte, ensinando a viver” é, portanto, muito
mais do que um livro sobre a importância da pedagogia esportiva, mas um retorno
à essência de que todos (mestres e alunos) deveriam ter em relação ao esporte:
a paixão. E mestre João Batista explica como tudo isso começou:
“Depois que larguei a fábrica e a Faculdade de
Administração, senti uma enorme sensação de alívio. Eu tinha meus projetos, mas
eles tinham seus obstáculos. Havia uma realidade para encarar. Larguei a
fábrica e fiquei sem emprego e meu único vínculo com a Educação Física era o
atletismo que, em São Bernardo, naquela época, antes de tudo que aconteceu na
Elni depois daquela tarde chuvosa, não era quase nada. A equipe de atletismo
que existia então, reduzia-se a poucos atletas como eu, que treinavam nos
reduzidos tempos que sobravam entre um trabalho e outro. Sem contar que nossa
equipe estava acabando, ninguém mais aparecia para treinar.
E foi assim que, na tarde seguinte à minha saída da
fábrica, fui para a Elni, para aquela ruína de estádio, sem emprego, sem
companheiros para treinar, sem nada, só eu e meus sonhos. Estava tudo muito
vazio e me deu uma tristeza danada. Fiquei sozinho um tempo, pensando no que
fazer, sabendo que, lá fora, quem usava farda mandava e desmandava, prendia,
exilava e até matava quem não fosse simpático ao regime. Como era fácil
governar o Brasil! Como sempre foi tão fácil! Um país sem balcão de
reclamações. A fábrica, a confusão de gente pelas ruas, a maioria das pessoas
não sabendo ou não se importando com o que acontecia.
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Estádio de Vila Euclides, em São Bernardo, antes, as instalações precárias da Elni. |
Estudantes fugiam dos cavalos, dos cachorros, dos
soldados. E foi assim que tudo começou, eu meio perdido, sem ter para onde ir,
por isso fui ali, na Elni, sonhar com alguma coisa boa que pudesse fazer. Nos
meus sonhos, eu seria professor justamente naquele lugar, naquele estádio de
atletismo em ruínas, mas nem imaginava que teria milhares e milhares de alunos
um dia.” (página 30).
Em “Ensinar
esporte, ensinando a viver”, mestre João Batista ainda reforça:
“As autoridades
responsáveis pela formação de jovens para o esporte, ligadas a governos ou
empresas, raramente compreendem que a melhor maneira de formar, inclusive, os
atletas de mais alto nível, é ensinar a todos. O Brasil deveria ter um projeto
governamental que objetivasse ensinar esporte a todos, sem exclusões, sem
discriminações. É terrível para um jovem ver-se discriminado e excluído do
esporte após ser comparado com outros de mais talento. Se ensinássemos a todos,
além de reconhecer um justo direito que todos têm de aprender esporte, teríamos
também, em meio a tantos, aqueles que poderiam ser campeões.
Os campeões não poderiam
ser o objetivo maior de um projeto esportivo, mas sim o detalhe de um grande
projeto de educar um povo. É muito óbvio o interesse das crianças e jovens no
esporte. Quando os chamamos para fazer esporte, quase todos querem, entregam-se
voluntariamente. Esse é o aluno perfeito, aquele que quer aprender.
Ora, se, ao ensinar
esporte, ensinássemos também mais que o esporte, isto é, ensinássemos as coisas
que serão boas para uma vida independente, teríamos um belo projeto
educacional. A realidade é que a esmagadora maioria de quem passa pela formação
esportiva nunca será atleta de alto nível. Será gente comum: estudantes,
trabalhadores, políticos, artistas. Se forem bem tratados no esporte, serão
amigos dele, farão de tudo para que o esporte exista, cresça, faça bem para
todos. Essa gente comum que passa pela formação esportiva, compreenderá, com o
tempo, que aquilo que aprendeu servirá para muitas coisas: para se divertir no
tempo livre, para fazer amigos, para ter mais saúde, para ter uma melhor percepção
própria, e assim por diante. São muitos os benefícios para quem aprende esporte
tanto do ponto de vista dos benefícios pessoais quanto dos benefícios sociais,
esportivos”.
“Ensinar esporte, ensinando a viver” tem ainda os seguintes
capítulos a serem saboreados:
Na pedagogia do
convívio, o esporte é um veículo
Ensinando além das pistas
Dar aula é difícil
Alunos são mais que alunos, são seres humanos
Ensinar para além do esporte
A função pedagógica do buraco no muro
O esporte não é um caso à parte
A seleção precoce é excludente e injusta
Muito mais do que correr e saltar
O aumento da autoestima
Nem só a razão ao ensinar
A coragem para mudar
A vida é algo para celebrar
Oportunidades para educar não faltam
Agregando procedimentos pedagógicos
a um projeto de mundo
Tragédias que não deveriam acontecer
Educar é também combater o mal
Festivais e prepotências
Experiência do professor e surpresas de tocaia
Vencedores em lugar de campeões
Aprender esporte brincando de fazer esporte
Tragédias e comédias
Dar aula é difícil
Alunos são mais que alunos, são seres humanos
Ensinar para além do esporte
A função pedagógica do buraco no muro
O esporte não é um caso à parte
A seleção precoce é excludente e injusta
Muito mais do que correr e saltar
O aumento da autoestima
Nem só a razão ao ensinar
A coragem para mudar
A vida é algo para celebrar
Oportunidades para educar não faltam
Agregando procedimentos pedagógicos
a um projeto de mundo
Tragédias que não deveriam acontecer
Educar é também combater o mal
Festivais e prepotências
Experiência do professor e surpresas de tocaia
Vencedores em lugar de campeões
Aprender esporte brincando de fazer esporte
Tragédias e comédias
Escola
por si só não basta, é preciso ensinar bem!
Medalhas devolvidas
A seleção e a exclusão desrespeitam
o direito do esporte para todos
Até a festa da vitória pode ofender
Ensinar esporte ensinando a viver
Esporte educacional
A musa do esporte
Uma enorme distância
A descoberta de cada um
Brincadeiras e aprendizagem
O envolvimento emocional do professor
Sensibilidade e preconceito
A boa educação é um escudo
Educar pessoas e não formar atletas
Epílogo: o esporte é direito de todas
as crianças e jovens
A Associação Sambernardense de Atletismo
Uma equipe e tanto...
Medalhas devolvidas
A seleção e a exclusão desrespeitam
o direito do esporte para todos
Até a festa da vitória pode ofender
Ensinar esporte ensinando a viver
Esporte educacional
A musa do esporte
Uma enorme distância
A descoberta de cada um
Brincadeiras e aprendizagem
O envolvimento emocional do professor
Sensibilidade e preconceito
A boa educação é um escudo
Educar pessoas e não formar atletas
Epílogo: o esporte é direito de todas
as crianças e jovens
A Associação Sambernardense de Atletismo
Uma equipe e tanto...
Sobre João Batista
Freire:
Minha carreira profissional em EF começou no Atletismo,
onde fui professor de crianças e técnico durante uns 10 anos. Depois trabalhei
com vários esportes, até 1999. Dei aulas em várias Faculdades de Educação
Física e escolas da rede pública. Me aposentei como professor MS-5, Livre
Docente, na Unicamp, depois de trabalhar nessa instituição por 15 anos. Antes
disso trabalhei na USP e na Univ. Federal da Paraíba. Depois de me aposentar na
Unicamp trabalhei por alguns anos na Universidade do Estado de Santa Catarina.
Atualmente sou consultor do Instituto Esporte Educação - IEE em São Paulo e
colaborador da Universidade do Futebol.
Literatura na Arquibancada recomenda ainda que você,
leitor, também assista aos vídeos abaixo: uma entrevista de Juca Kfouri com o
mestre João Batista Freire.
Juca Entrevista - parte 1
Juca Entrevista - parte 2
Juca Entrevista - parte 3
Juca Entrevista - parte 4
Juca Entrevista - parte final
Maravilhoso mestre, estará em Manaus e será muito bem recebido, por todos os professores de Educação Física.
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