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Milton Leite Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
Ele tem mais de trinta anos de jornalismo e ainda tem
desafios profissionais a vencer. Depois de fazer enorme sucesso nas
transmissões esportivas do rádio brasileiro, Milton Leite é agora a grande
estrela das transmissões na TV. Com seu jeito alegre de narrar, começa a
aparecer cada vez mais nas transmissões da TV Globo. Será ele o sucessor de
Galvão Bueno na emissora? O que poucos sabem é que Milton Leite não começou a
sua longa trajetória no jornalismo fazendo coberturas esportivas.
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Na rádio Difusora, de Jundiaí, em 1979. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
Literatura na
Arquibancada:
Relembre os tempos em
que iniciou a carreira na cidade de Jundiaí, em jornais e rádios da cidade, na
década de 1970. Algum fato marcante a destacar?
Milton Leite:
Foi um período de muito aprendizado. Comecei quase ao mesmo
tempo em que iniciava faculdade. E em jornais e rádios pequenos do interior
você tem que fazer um pouco de tudo. Por isso, tratei de aprender tudo o que
podia. Foi um período muito rico, me ajudou para toda a carreira.
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Com Fernando Galvão e Ana Cláudia Cruz, no Jornal da Cidade, Jundiaí, 1984. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Poucos devem saber
que seu primeiro trabalho em São Paulo não foi na área do esporte. Relembre
essa experiência no jornal O Estado de S.Paulo.
M.L:
Depois de fazer quase tudo nas redações de rádio e jornal
em Jundiaí, percebi que minha carreira só poderia evoluir (inclusive do ponto
de vista financeiro) se conseguisse trabalhar na cidade de São Paulo, nas
grandes redações. Graças a um grande amigo, já falecido, Ademir Fernandes,
consegui uma vaga no Estadão. Fui ser redator de Economia, não era a minha
predileção, mas era a maneira de eu estar num jornal de grande porte.
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Com Roberto Muller e Águeda Lefèvre, Jovem Pan, 1997. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Como e quando você
acabou indo para a rádio Jovem Pan e o que fazia nesse primeiro momento? Por
que dividia o trabalho entre esporte e variedades?
M.L:
Mesmo trabalhando no Estadão, continuava a fazer programa
de rádio em Jundiaí, onde ainda morava. Fazia um programa de variedades. O
diretor de jornalismo da Pan na época, Fernando Vieira de Melo,tinha uma casa
de final de semana perto de Jundiaí e me ouviu apresentando o programa lá.
Gostou e mandou me chamar para conversar. Fui para a Jovem Pan primeiro como
chefe de reportagem (era a vaga que ele tinha para me contratar) e depois como
apresentador do “Show da Manhã”, programa de variedades que eu tentava copiar
lá em Jundiaí. Continuei durante uns seis meses fazendo o programa de manhã na
Pan e trabalhando na Economia do Estadão à tarde. Depois sai do jornal e
comecei a participar das transmissões da Jovem Pan TV, que estava começando.
Primeiro como apresentador de estúdio, depois como narrador.
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No estádio do Mineirão, em 1996. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Qual era o seu estilo
de narração? Em quem se inspirava?
M.L:
Quando comecei meu estilo era mais radiofônico, minha
geração ouvia futebol no rádio, a TV naquela época não dava tanto espaço para o
futebol. Provavelmente minhas maiores influências eram Joseval Peixoto, Osmar
Santos, José Silvério, todos do rádio. Fui aprendendo o jeito da TV com Antonio
Augusto Amaral de Carvalho (Tuta), uma dos maiores nomes da TV brasileira em
todos os tempos e proprietário até hoje da Pan. Além de acreditar que eu podia
ser narrador, me deu as primeiras aulas para eu perder o jeito radiofônico.
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Na rádio Eldorado, em 2004. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Relembre fatos marcantes
de sua trajetória na Jovem Pan.
M.L:
No rádio fiz muita entrevista legal com aos maiores nomes
brasileiros do teatro, cinema, música, TV. Era um programa de muita aproximação
com as pessoas, com muita prestação de serviços... Sou apaixonado por rádio até
hoje. Na TV, a lembrança maior é do único grande campeonato profissional de
futebol que a emissora mostrou o Campeonato Paulista de 91.
L.A:
Por que o projeto da
TV Jovem Pan acabou não vingando? Por que criou um jeito diferente de narrar o
momento máximo do futebol, o gol, com a frase “A emoção acontece na Pan”?
M.L:
Na época houve um desentendimento entre os sócios da
empresa e ela foi definhando aos poucos até deixar de existir com essa marcar.
O grito de gol foi uma diretriz do Tuta, porque quando saia um gol, entrava uma
música (a mesma que a rádio usava), além de artes visuais na tela que
reproduziam a palavra gol. Por isso, o Tuta pediu que cada narrador inventasse
um grito de gol sem usar a palavra GOL.
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Com João Palomino e Soninha, na Olimpíada de Sidney, 2000. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
A carreira como
narrador esportivo decolou a partir da ESPN Brasil? Como foi deixar o rádio e
apostar em uma televisão que estava apenas começando? Houve algum motivo
especial para sua saída do rádio?
M.L:
Quando fui para a ESPN-Brasil, a TV por assinatura estava
começando a se desenvolver no país. Nos primeiros dois anos, o rádio continuava
sendo a minha atividade principal. Em 97, com a aproximação da Copa do Mundo da
França, no ano seguinte, eu resolvi investir na carreira de narrador, porque
seria o primeiro grande evento internacional do canal. Eu sabia que para ir à
Copa do Mundo eu teria que me dedicar só à televisão. Foi o que eu fiz.
L.A:
Por que nesse período
você acabou voltando para o rádio, na Eldorado?
M.L:
Na época, um amigo meu (Sandro Vaia) estava num comitê que
dirigia os veículos do grupo Estado de S. Paulo. Ele me chamou para ajudá-lo
com a rádio que ele não conhecia muito. Queria que eu apresentasse um programa
lá como eu fazia na Pan. Disse a ele que ser só apresentador não me
interessava, mas que se pudesse dirigir um projeto de reformulação da rádio,
valeria a pena. E foi assim que fui ser redator-chefe da rádio, além de
apresentar o programa. Estruturei toda a redação, refiz toda a programação, em
cima das propostas do grupo, e fiquei lá por 20 meses, nos quais a rádio sempre
foi rentável, inclusive alcançando índices de audiência muito melhores do que
vinha tendo antes da reformulação. Além disso, valorizamos muitos garotos que
estava terminando faculdade, a maioria hoje trabalhando nas grandes emissoras
de São Paulo. Foi um dos trabalhos mais prazerosos da minha carreira.
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No programa Arena Sportv. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Quando e por que
acabou indo para o canal Sportv?
M.L:
No final de 2004, resolvi não aceitar a proposta de
renovação de contrato proposta pela ESPN-Brasil, onde tinha uma posição muito
boa e confortável. Mas havia um desgaste com a direção de redação e resolvi
tomar outro rumo. Fiquei quatro meses fora da TV, continuava só na Eldorado. No
período fui procurado pela TV Bandeirantes, mas preferi aceitar o convite do
Sportv, onde as perspectivas de crescimento na carreira me pareciam melhores.
Assinei com eles em abril de 2005.
L.A:
Relembre neste
período duas polêmicas: com o técnico Luxemburgo e sobre as críticas feitas a
Ricardo Teixeira. No caso do presidente da CBF, você foi o único da emissora
que detém os direitos de transmissão dos principais eventos do futebol
brasileiro a criticar o cartola.
M.L:
Na verdade não houve polêmica. No caso do Luxemburgo, eu
fiz uma crítica a uma contratação que ele pediu na época do Palmeiras.
Estávamos ao vivo durante o “Arena Sportv”. Ele telefonou lá, pediu para falar no
programa e tentou se justificar. Eu disse que não concordava com ele. Ele
passou a me atacar, dizendo que eu o perseguia, que ia me processar e tudo
mais. Eu não respondi e ele ficou ainda mais irado. Depois me mandou uma
interpelação judicial que meu advogado respondeu e ele não levou a questão à
frente.
No caso do presidente da CBF eu apenas escrevi no meu blog
que o tom e o vocabulário que ele havia utilizado numa entrevista à Revista
Piauí não estava de acordo com os postos que ele ocupava. Não fui o único da
organização, outras pessoas se manifestaram, mas o meu ganhou maior projeção
por alguma razão que eu desconheço.
L.A:
Como surgiu o bordão
“Que beleza”?
M.L:
Esta expressão eu “roubei” do meu amigo Wanderley Nogueira,
repórter da Rádio Jovem Pan, com quem trabalhei durante muitos anos de quem
acabei ficando muito próximo. Ele sempre usou essa expressão com o jeito
irônico de falar. Acabei absorvendo, um dia coloquei numa transmissão, fez
sucesso, ficou.
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Com Galvão Bueno, no Bem Amigos. Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Você acredita que
será o sucessor de Galvão Bueno, na TV Globo?
M.L:
Não acredito que o Galvão pense em parar e nem acho que a
Globo esteja procurando um sucessor para ele. Na verdade, quero conquistar o
meu espaço, sem precisar tirar o de ninguém. Se conseguir fazer pelo menos um
pouco do que o Galvão já fez, ficarei feliz.
L.A:
Fale sobre seus dois
livros na literatura esportiva.
M.L:
Foram trabalhos que fiz a convite da Editora Contexto. O
primeiro “As maiores seleções brasileiras de todos os tempos” conta a história
de seis seleções nacionais que marcaram época. Já vendeu mais de 5 mil
exemplares, foi lançado em janeiro de 2010.
O outro, “Os 11 maiores centroavantes do futebol
brasileiro” saiu em maio de 2010, pouquinho antes da Copa. Vendeu um pouco
menos, perto de 2 mil, porque foi prejudicado pela eliminação do Brasil na Copa
e pelo pouco tempo que tivemos para divulgar.
Traz perfis dos atacantes que eu
elegi, com a ajuda de outros jornalistas, como os mais importantes da nossa
história.
Foram dois trabalhos que me deram muito prazer em fazer e que me
remeteram ao sonho lá da adolescência.
L.A:
Pretende escrever
outros livros?
M.L:
Gostaria muito. Teremos Copa do Mundo e Jogos Olímpicos,
quem sabe não desenvolvo algum projeto. Eu quero e o pessoal da Contexto
também.
L.A:
Como avalia o atual
jornalismo esportivo brasileiro? (nas várias mídias)
M.L:
Acredito que, na média, já tivemos momentos melhores.
Claramente temos uma deficiência de formação nas faculdades (isso vale para
todo o jornalismo). Mo esporte, aconteceu um boom de espaço nos últimos tempos,
com o surgimento e crescimento da TV por assinatura, o mesmo acontecendo com os
portais de internet. Com isso, muita gente nova e sem experiência (além de
deficiente na formação) entrou no mercado. Claro que tem muita gente boa,
muitas coisas legais sendo feitas, mas a média, em minha opinião, caiu.
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Crédito: www.miltonleitereal.com.br |
L.A:
Após tantas
realizações no jornalismo esportivo tem algum sonho a realizar?
M.L:
O dia em que eu não tiver mais sonho ou meta pela frente,
certamente minha carreira vai definhar. Sou muito competitivo e quero sempre
fazer coisas novas, colocar metas ambiciosas. Neste momento, meu objetivo é
conseguir na TV aberta o desempenho que venho tendo na TV por assinatura. É um
desafio muito maior, com mais cobranças, com linguagem diferente, com público
mais heterogêneo.
Para saber mais sobre Milton Leite, acessar:
Sensacional! Sou muito fã do Milton Leite, e espero um dia me tornar jornalista.
ResponderExcluirNão igual a ele, mas quem sabe, melhor.
Que beleza...
ResponderExcluirMe amarro de montão!
As vezes assisto a uma transmissão programa só por casa dele.
Mais que merecida.
Um abraço querido.
QUE BELEZA!!!!