Mais um clássico
histórico do futebol paulista e brasileiro. Palmeiras e Corinthians, sempre que entram em campo, farão histórias para serem lembradas. Como a ocorrida há exatos 69 anos, quando, aparentemente, o jogo não valia tanto, mas acabou entrando para a história graças ao
resgate feito por ninguém menos do que o atual ministro do Esporte, Aldo
Rebelo.
Era o ano de 1945 e no dia
13 de outubro de 1945, Palmeiras e Corinthians disputaram um amistoso que teve
a renda revertida para o MUT, Movimento Unificado dos Trabalhadores, vinculado
ao PCB, Partido Comunista Brasileiro.
O que para muitos
pareceria um jogo como outro qualquer, para o deputado federal filiado ao PCB
desde 1977 e palmeirense fanático, Aldo Rebelo, não. Depois de descobrir quase
por acaso essa história, Aldo Rebelo, que sempre achou que futebol e política são
assuntos para sempre andarem juntos no Brasil, ele decidiu escrever “Palmeiras
x Corinthians, 1945: O Jogo Vermelho” (Editora Unesp). O livro foi lançado em
2010, mas Rebelo, atual ministro do Esporte, já havia se destacado na política
brasileira ligada ao futebol quando presidiu a CPI que investigou o contrato
entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a multinacional Nike.
Em seu portal na internet,
Aldo Rebelo explicava assim o conteúdo de sua obra, extremamente importante
para literatura esportiva:
“Em 13 de
outubro de 1945, os dois maiores times de futebol de São Paulo –
Corinthians e Palmeiras – entraram em campo para um jogo beneficente. O Estado
Novo tinha acabado e os nazistas sido derrotados na Europa. Começava a “guerra
fria”, mas o jogo era para arrecadar recursos para o Partido Comunista do
Brasil (PCB) por intermédio do Movimento Unificador dos Trabalhadores (MUT). (...)
No livro, Rebelo narra o jogo como
apaixonado por futebol e analisa as circunstâncias históricas que
possibilitaram que os dois importantes times fizessem uma partida em benefício
dos comunistas, que iriam poucos dias depois participar das eleições para a Constituinte
e para a presidência da República. A partir de uma intensa pesquisa, que
incluiu arquivos de jornais, universidades, clubes, Federação Paulista de
Futebol e entrevistas com ex-dirigentes comunistas, ex-jogadores e familiares
de pessoas ligadas ao jogo, Aldo Rebelo lembra a partida e revela os bastidores
do que aconteceu no estádio naquele dia.
O Palmeiras, para quem Aldo
Rebelo torce, ganhou por 3×1. O PCB conseguiu Cr$ 114.464,00 com a partida.”
(fonte: Portal Aldo Rebelo)
Em entrevista para o blogueiro Bruno Ribeiro (http://www.rac.com.br/blog/12/botequim-do-bruno), um papo
rápido com Aldo Rebelo, mas esclarecedor sobre como o livro surgiu e foi
produzido.
Bruno Ribeiro – Consta que o senhor teve a ideia de escrever
o livro quase por acaso, após uma visita à sala de troféus do Parque Antártica.
Como foi isto?
Aldo Rebelo – Realmente, foi uma obra do acaso. Sou alguém que gosta muito de visitar as salas de troféus dos clubes. Vejo as salas de troféus como bibliotecas. As taças, como os livros, contam uma história. Cada uma daquelas taças, daqueles troféus, carrega uma história e, por trás dela, a história de muitos brasileiros. Nesta visita, uma taça me chamou especialmente a atenção: era uma taça que trazia esculpida uma mulher alada, projetada para a frente como se estivesse se preparando para alçar voo. Foi conquistada pelo Palmeiras, num jogo contra o Corinthians, no dia 13 de outubro de 1945. Achei a taça bonita, diferenciada, e me abaixei para ler o que estava escrito nela. Havia a seguinte inscrição: “Homenagem ao Movimento Unificador dos Trabalhadores”.
Aldo Rebelo – Realmente, foi uma obra do acaso. Sou alguém que gosta muito de visitar as salas de troféus dos clubes. Vejo as salas de troféus como bibliotecas. As taças, como os livros, contam uma história. Cada uma daquelas taças, daqueles troféus, carrega uma história e, por trás dela, a história de muitos brasileiros. Nesta visita, uma taça me chamou especialmente a atenção: era uma taça que trazia esculpida uma mulher alada, projetada para a frente como se estivesse se preparando para alçar voo. Foi conquistada pelo Palmeiras, num jogo contra o Corinthians, no dia 13 de outubro de 1945. Achei a taça bonita, diferenciada, e me abaixei para ler o que estava escrito nela. Havia a seguinte inscrição: “Homenagem ao Movimento Unificador dos Trabalhadores”.
Esta frase o levou a querer saber mais sobre a partida?
Justamente. Isto porque o Movimento Unificador dos Trabalhadores era uma
corrente criada pelo Partido Comunista do Brasil (PCB). Durante as pesquisas,
descobri que aquele jogo só poderia ter acontecido naquele ano, já que o
partido havia acabado de sair da ilegalidade – ilegalidade para a qual voltaria
logo depois.
Como foi realizada a pesquisa?
Depois da minha derrota para a presidência da Câmara dos Deputados, aproveitei para colher informações em jornais da época e na imprensa partidária. Mas tive que complementar através de entrevistas com gente do partido, dos clubes e com quem vivenciou o jogo. Encontrei até uma testemunha ocular: um homem que estava na arquibancada naquele dia.
Depois da minha derrota para a presidência da Câmara dos Deputados, aproveitei para colher informações em jornais da época e na imprensa partidária. Mas tive que complementar através de entrevistas com gente do partido, dos clubes e com quem vivenciou o jogo. Encontrei até uma testemunha ocular: um homem que estava na arquibancada naquele dia.
Qual era o objetivo daquele Palmeiras x Corinthians?
O objetivo era promover um jogo beneficente para arrecadar dinheiro para o Partido Comunista. Descobri que foram arrecadados 115 mil cruzeiros, que foram usados para financiar algumas campanhas políticas.
O objetivo era promover um jogo beneficente para arrecadar dinheiro para o Partido Comunista. Descobri que foram arrecadados 115 mil cruzeiros, que foram usados para financiar algumas campanhas políticas.
Havia alguma relação entre os clubes e o Partido Comunista?
Até onde sabemos, nenhum dirigente ou jogador dos times era filiado. Mas o
partido tinha amigos e simpatizantes nos dois clubes. Além disso, é bom frisar,
havia no ar um sentimento de culpa. A sociedade achava que o país tinha uma
dívida com os comunistas. Muita gente havia morrido por ser comunista, como a
Olga Benário, mulher de Luís Carlos Prestes, enviada para um campo de
concentração na Alemanha nazista.
Por que histórias como esta não chegaram ao conhecimento do grande
público?
Muitas histórias continuam esquecidas porque o futebol brasileiro é um campo muito pródigo, muito fecundo em boas histórias. E também porque a nossa classe intelectual não está profundamente vinculada ao universo do futebol, que é basicamente o universo das classes populares.
Muitas histórias continuam esquecidas porque o futebol brasileiro é um campo muito pródigo, muito fecundo em boas histórias. E também porque a nossa classe intelectual não está profundamente vinculada ao universo do futebol, que é basicamente o universo das classes populares.
Neste sentido, há uma lacuna na literatura? O senhor acha que há
poucos livros sobre futebol publicados no Brasil?
De fato, a nossa literatura é carente de
livros que tratam de futebol. Diante do que o futebol representa para os
brasileiros, chega a ser estranho que os escritores não se aventurem a escrever
histórias inspiradas nesse universo. Talvez porque nossos intelectuais, como eu
já disse, não se sintam muito próximos do povo.
Boa tarde, André!
ResponderExcluirPoderíamos conversar a respeito de direito de imagem?
Por favor entre em contato comigo pelo email: thiago@olivieriassociados.com.br
Muito obrigado.
Thiago.