Atenção “loucos” de plantão. Amanhã tem mais um livro
sobre o Corinthians para a história da literatura esportiva. Paixão Corinthiana
(Publisher Brasil, 2012),de Vitor Guedes tem várias crônicas do autor onde o personagem
central é o torcedor. São histórias que relembram momentos inesquecíveis como a
invasão da torcida no Maracanã, nas semifinais do Brasileiro de 1976. Na prosa
de Vitor também surgem cenas do cotidiano, como a de uma paquera no metrô paulistano
ou ainda em uma simples “viagem” de elevador.
Sinopse (da editora):
Em cem crônicas cotidianas, o jornalista Vitor Guedes
conta a história de um dos clubes de futebol mais queridos do planeta,
mostrando que o amor pelo Corinthians é um amor à moda antiga: não há a
possibilidade de esfriamento ou divórcio. Com textos leves e bem-humorados, os
personagens e as histórias do livro revelam a alma corinthiana como só um dos
30 milhões de seus torcedores poderia fazer. A orelha do livro é escrita pelo
ex-jogador Basílio e o prefácio é de Marília Ruiz.
Uma crônica do Paixão Corinthiana:
É o que é e o que não é, mano
Corinthians é do Antônio, do Toninho, do
Tonhão. Que não têm um vintém. É do Ermírio de Moraes também. É do Silvio.
Santos, é de todos eles. E dos pais deles. É do Paulo Evaristo Arns. Graças a
Deus, é de Ogum também. Salve, Jorge! Fé, mé, metaleiro axé. Tatu voa, gavião
anda a pé. O roqueiro, cabeludo bamba, cai no samba, castiga o tamborim e
amaldiçoa o jurado que tirou preciosos décimos da comissão de frente da Gaviões
da Fiel. Paulistana sai de baiana.
O analfabeto lê tudo que é publicado sobre o time do
povo. O empresário – enquanto bate um squash
no intervalo entre o brunch
e o happy hour
– exercita as cordas vocais: “Ela, ela, ela, é festa na favela”. Isso que é
Paraisópolis! O racional prefere algo menos ensandecido: “Aqui tem um bando de
loucos”. O playboy,
etiqueta sob medida que vale um aluguel, rodinha esportiva invocada, caranga
rebaixada, maria-gasolina oxigenada no carona, abaixa o vidro e explode o som
na caixa: “Corinthiano, maloqueiro e sofredor, graças a Deus”.
Por falar novamente Dele, o agnóstico veste a camisa
“Deus é fiel”; o cristão, na hora do aperto, não se faz de rogado: “Saravá, São
Jorge, que ele vai nos ajudar”; gourmet
manda ver no ebó. Não me toques. A educadíssima lady, lábios imaculados, vai à luta e
chama o juiz de filho da… O desempregado falta no trabalho para prestigiar a
equipe in loco.
O insensível sofre, o sofredor torce, o fato distorce. O gol não sai. O médico
é paciente. O bêbado joga tudo para o santo. É dose! Mas até o cético acredita.
Vem a vitória. Bendita! O dia anoitece, a noite amanhece, o velho rejuvenesce.
A patricinha se embriaga com o cheiro do povo. O mudo canta até ficar rouco.
Até o próximo jogo.
Perder faz parte? O pacifista, aos berros, avisa: “Se o
Corinthians não ganhar, o pau vai quebrar”. O eremita comanda a festa no meio
da massa. O abstêmio cobiça a taça. À beira do enfarte, o fiel acredita até o
final, mesmo sem saber o que fazer com o coração cansado de sofrer: “Não para,
não para, não para”. O ecologista não quer ver verde nem pintado de ouro. O
vegetariano anuncia o cardápio: “Vamos comer porco”. O pai mama, o filho briga.
O bebum aparta o ziriguidum. “Mais um, mais um”. Mas o jogo está 0 a 0. Não
conta. Deve ser a ponta. O relaxado capricha, virtuosismo real. Virtual,
impalpável amor incondicional.
Presidente na arquibancada, torcedor no gabinete. Ah, que
saudade do Alfinete! Viva a democracia! Sócrates é filosofia. Ideologia de
boteco. Carlitos, gênio da arte falada, mesmo que de forma incompreensível.
Como a perda de um ente querido. O defunto volta para ficar, do lado do
Corinthians é o seu lugar. Ainda vivo, avisou: “Na vitória ou na derrota, até a
hora de nossa morte, amém”. Foi além: “Eu nunca vou te abandonar”. O mudo
enxerga, o cego escuta, o surdo vê. Todos se abraçam.
Corinthians é tato. Questão de pele. Branca ou preta,
tanto faz, alvinegra nação. Miscigenação, rima fácil de Coringão. É o que é,
meu irmão mulato: o clube mais brasileiro! Conquistou o mundo sem ir ao
estrangeiro.
Serviço:
Lançamento de Paixão Corinthiana,
de Vitor Guedes
Artilheiros Bar
Rua Mourato Coelho, 1194
Segunda-feira, 30 de janeiro, 19h
Rua Mourato Coelho, 1194
Segunda-feira, 30 de janeiro, 19h
Sobre o autor:
Vitor Guedes assina diariamente a coluna Caneladas do
Vitão, no jornal Agora
São Paulo, e também é responsável pelo BandNews Pra Toda Obra,
coluna que acompanha a construção do estádio do Corinthians.
Meu Caro "Vitão", estivemos juntos num dos encontros na Quadra dos Gaviões, trocamos ideias e ideais, mas paramos aí... Vamos reatar nossos laços Alvinegros e trocar novas idéias? Sou o autor de CORINTHIANS UMA PAIXÃO EM PROSA E VERSO e tenho muito mais artigos em meus arquivos e, todos, rimados em sextilabos. meu email é j.edmar@uol.com.br
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