Dia 20 de janeiro,
a próxima sexta-feira, é um dia triste para os amantes do futebol brasileiro.
Há 29 anos, o eterno ídolo do futebol brasileiro, Garrincha, nos deixava.
Terminava para o homem simples, Manoel dos Santos, uma jornada feita de fama e
tragédia. O alcoolismo acabou devastando a vida de mais um brasileiro.
Garrincha morreu
quando tinha apenas 49 anos, em 1983. Dando sequência a pequena série que o
Literatura na Arquibancada começou a apresentar sobre o jogador que era “a
alegria do povo”, um poema pouco conhecido escrito por um craque da
literatura.
Aníbal Beça,
grande poeta amazonense, driblou como Mané Garrincha as palavras, tecendo
versos simples, palavras que se encaixam de maneira perfeita com o estilo ágil
do craque da perna e vida tortas.
Celebrando Garrincha, o santo inventor da
ginga
[Anibal
Beça Para Antonio Carlos Secchin]
Frente a frente
4 colunas
de dois templos em ebulição:
raios arqueados
oscilam
ossos
músculos
nervos
pernas em balanço:
4 colunas
de dois templos em ebulição:
raios arqueados
oscilam
ossos
músculos
nervos
pernas em balanço:
arquitetura móvel
para o pêndulo da sur-
presa.
Não se sabe ao certo
- dono de um mundo em rotação
verde
rolado no plano pleno de desejos -
a direção
daquele equilibrando a esfera
a fera
perseguida
Se para a direita
ou
para a esquerda
se para trás
ou pelo vão
que se arre-
ganha
à frente
(abóbada de igreja livre
para a passagem do andor
com seu santo rotundo)
No frêmito feroz
olhos vivos e
lentes onduladas
se congelam no cristal
da ânsia espectável
Súbito
pára
e
dispara
navegante da luz
em direção ao corpo
só-
lido
num fio evanescente
de malabarismo alumbrado
o espectro do clown
Parte
com ela
a esfera
a fera
aos olhos de espanto
de feras de outra esfera:
Vai
Não Vai
Foi
Para saber mais sobre Aníbal
Beça:
Trabalhou como repórter, redator e
editor, em todos os jornais de Manaus. Foi diretor de produção da TV Cultura do
Amazonas, Conselheiro de Cultura, consultor da Secretaria de Cultura do
Amazonas. Vice-presidente da UBE-AM União Brasileira de Escritores, presidente
da ONG “Gens da Selva”, onde exercia o cargo de vice-presidente, bem como de
presidente do Sindicato de Escritores do Estado do Amazonas e presidente do
Conselho Municipal de Cultura era membro da Academia Amazonense de Letras.
O poeta Aníbal Beça descreve em versos o que Gérson Canhotinha de Ouro descreve em prosa. Os espaços que Garrincha criava para executar a sua coreografia. Genial!
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