João Rubinato, o poeta do povo Adoniran
Barbosa, era, quer dizer, é, lá do céu, o mais corintiano entre os corintianos.
Filho de imigrantes italianos, tinha tudo para se transformar torcedor do rival
eterno, Palestra ou Palmeiras, mas não, preferiu ser “Corintiá”, como ele
deixou escrito em texto reproduzido mais abaixo e publicado no fantástico livro
“Corinthians, 100 anos de paixão”, de Marco Piovan e Newton Cesar (Magma
Editora Cultural, 2010).
Adoniran completaria 100 anos em 2010, mesma
efeméride que o seu Timão comemorou. Nasceu a um mês do centenário do clube de
coração.
Adoniran tornou-se eterno com suas músicas (Saudosa Maloca, Trem das Onze, Tiro ao Álvaro e tantas outras), cantando ou compondo,
respirava o samba das origens no bairro do Bexiga, mas também respirava o tempo
inteiro o amor pelo Corinthians. Além do texto resgatado em “Corinthians, 100
anos de paixão”, Adoniran deixou eternizado também um hino:
Coríntia
(Meu amor é o Timão)
Como é bom ser alvinegro
Ontem, hoje e amanhã
Respirar sua mistura
Do Tietê e Tatuapé
Lá no alto a Velha Penha
Tem Anchieta e Bandeirante
Tem São Jorge lá na lua
Vem suando a paz em dia
Onde mora um gigante
Tem igreja e tem biquinha
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
Belém, Vila Maria e Mooca
E São Paulo em extensão
Mogi, Guarulhos e Itaquera
Tudo vibra Coringão
É o Coríntia de nós todos
É Paulista, é campeão.
Ontem, hoje e amanhã
Respirar sua mistura
Do Tietê e Tatuapé
Lá no alto a Velha Penha
Tem Anchieta e Bandeirante
Tem São Jorge lá na lua
Vem suando a paz em dia
Onde mora um gigante
Tem igreja e tem biquinha
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
Coríntia, Coríntia, meu amor é o Timão
Coríntia, cada minuto dentro do meu coração
Belém, Vila Maria e Mooca
E São Paulo em extensão
Mogi, Guarulhos e Itaquera
Tudo vibra Coringão
É o Coríntia de nós todos
É Paulista, é campeão.
ouça a música de Adoniran, nas vozes de
seus eternos parceiros,
Demônios da Garoa:
Coríntia (Meu amor é o Timão)
Adoniran deve ainda estar em alguma roda de
samba com bambas lá no céu comemorando o título brasileiro de 2011. O texto
escrito por Adoniran, conserva a grafia e o jeito com o que ele se consagrou...
“Sô
corintiano, meu amigo, desde 1910. Quando tinha déis ano, comecei a gostá do
Corintiá, não do Corintiá de São Paulo ainda, eu morava em Jundiaí, gostava do
Corintiá Paulista de Jundiaí, que não tinha bão prá ele. Ia prá lá o Mackenze,
entrava bem.
Ia prá lá o Palestra Itália, entrava bem. Ia prá lá o Paulistano,
dançava. Num tinha bão pro Corintiá de Jundiaí.
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Grané, Tuffi e Del Debio |
Agora, desde
que mudei prá São Paulo, dos tempos de Tuffi, Grané e Del Debio, Jango, Brandão
e Dino, só Corintiá daqui. Só tinha nego bão, o Rato, De Maria, famosa ala
esquerda. Tinha também o Jaú, negrão bão. O Neco, qui batia de cinta no juiz e
otros bichos bão. Em 22, o Corintiá foi campeão do Centenário, daí pra diante,
que eu mi lembre, o Corintiá sempre foi campeão i eu sempre corintiano.
Sempre, sempre,
sempre.
Naquele tempo,
o jogadô almoçava em casa e levava carção, meias e chutera debaxo do braço. O
Corintiá foi sempre assim, amor e sangue pela camisa desde o Bom Retiro, bairro
onde foi fundado. Eu sempre Corintiá, perdendo ou ganhando, modéstia à parte
este slogan é meu, põe ele em letra grande: ‘Quer amanhecer uma segunda-feira
feliz, seja corintiano’. Num tô mintindo não. Naquele tempo, os bondes ao
passar um pelo outro se cumprimentava sorrindo, os motorneiro batia a campainha
um pro outro, era blén, blén, blén, saudando também o Corintiá.
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Corinthians, campeão de 1954 |
E sempre
campeão até 54 com Brandão na direção e Gilmar, Murilo e Olavo; Idário,
Touguinha e Roberto; Cláudio, Luizinho, Carbone e Mário. E timão não, meu Deus
do céu, como vendia jorná esse time. Daí, um dia a Portuguesa deu em nóis de 7
a 3. Gilmar foi pro Santos, meu cachorrinho ficô doente nesse dia, não fui ao
campo, fiquei em casa torcendo, eu e o Peteléco. Até 3 a 3 tava bão, mas daí
começamo a dançá.
E muda a
diretoria, muda não sei o que, muda não sei o que lá. Mais agora, é o seguinte:
Corintiá tá como em 54, muito amor, muito sangue, muita valentia pela camisa.
Continui assim, Corintiá, e ninguém segura nóis. Viva o Corintiá campeão. E,
óia, amigo, vô assiná em cruiz porque num sei escrevê, tá bão? E viva Lauro
D’Ávila, autor do lindo hino do Corintiá.”
Texto/fonte: Acervo de Adoniran Barbosa;
Para
saber mais sobre Adoniran Barbosa, acessar: http://pt.wikipedia.org/wiki/Adoniran_Barbosa
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