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UMA LEMBRANÇA DE ZIZINHO
Há quem diga que Zizinho foi tão bom quanto
Pelé. O próprio Pelé diz que o seu grande futebol foi inspirado em Zizinho. As
novas gerações de torcedores certamente não viram o grande meia-direita em
ação. Pouquíssimas são as imagens que registram lances de que o admirável
craque participou. Mas eu tenho gravadas na retina dos meus olhos e fixadas na
memória jogadas inesquecíveis do extraordinário jogador. Sempre digo que o
meia-direita da Seleção de 1934 (Copa do Mundo da Itália), Waldemar de Brito,
prestou dois imensos serviços ao futebol do Brasil: quando ele jogava no
Flamengo, saiu do rubro-negro e foi para o San Lorenzo de Almagro, da
Argentina. Aí, abriu espaço para a entrada de Zizinho no time da Gávea,
ganhando o Brasil o maior jogador daquele tempo. Bem mais tarde, quando nem
jogava mais, Waldemar de Brito descobriu em Bauru, interior de São Paulo, um menino
de 14 anos e o levou para Santos. Era nada mais nada menos que Pelé.
O estupendo Zizinho entrou na equipe do Flamengo em 1939 e
ficou lá até 50, quando se transferiu para o Bangu permanecendo em Moça Bonita
até 1957. Já com 35 anos, foi para o São Paulo e atuou no clube em 1957 e 1958,
sendo campeão paulista de 57. Encerrou a carreira aos 40 anos no Audax
Italiano, do Chile, pelo qual atuou entre 58 e 62. Os jogadores outorgaram a
Zizinho a homenagem de chamá-lo de “Mestre Ziza”.
Pois com Zizinho aconteceu uma das mais interessantes
histórias da bola. Jogavam Bangu e Vasco no Maracanã. O árbitro era Eunápio de
Queiroz. Ao terminar o primeiro tempo, o repórter de rádio Luiz Fernando levou
seu microfone até Zizinho para algumas declarações sobre a primeira etapa. O
Bangu estava perdendo.
- Que tal o jogo, Zizinho? - perguntou Luiz Fernando.
- Está difícil porque esse juiz não é Eunápio de Queiroz, é
Larápio de Queiroz - acusou Zizinho.
Deduraram as declarações do craque ao árbitro. Quando os
times voltaram a campo, Eunápio perguntou a Zizinho:
- É verdade que o senhor disse que eu deveria me chamar
Larápio de Queiroz?
- Foi, eu disse - respondeu.
- Então pode voltar para o vestiário, o senhor está expulso
de campo -sentenciou Eunápio.
E foi assim que Zizinho, um dos monstros sagrados do futebol
brasileiro transformou-se , talvez, no único jogador da história expulso no
intervalo.
Fonte: Coluna Histórias da Bola, publicada no Jornal dos
Sports, em 04/09/2005.
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