Por André Ribeiro
Quem estava ligado na televisão
ou no rádio neste domingo durante a transmissão do jogo entre Corinthians e Figueirense
teve a exata dimensão do outro Corinthians existente na capital paulistana. Outro
Corinthians? Como assim? Explico. O Corinthians havia feito a sua parte na
rodada, vencendo o Figueirense por 1 a 0. O título estava em suas mãos. A
torcida no estádio e em todo o país estava prestes a comemorar mais um título
brasileiro. Mas, mesmo com o apito final do árbitro, ninguém poderia comemorar
porque no Rio de Janeiro, o jogo entre Vasco e Fluminense, empatado em 1 a 1
até aquele momento, teria ainda mais cinco minutos de tempo extra. Foram os
cinco minutos mais silenciosos do planeta. Mas, de repente, um barulho ensurdecedor
estourou no ar. Gol do Vasco e a definição do título ficou para a última
rodada.
No prédio em que moro, e tenho a
certeza que em muitos outros lugares, a cena foi a mesma. Gente na janela
gritando “chuuuuuuupa Corinthians”... “Toma gambazada...”. Um barulho ensurdecedor,
gritos histéricos, rostos transtornados colocados pelas janelas, todos torcendo
contra o Corinthians...Quer dizer, todos não, porque a torcida do Corinthians é
enorme e, então, parecia que dois Corinthians estavam em campo, um jogando para
sua própria torcida e outro de todos os outros times que não tem mais nenhuma
chance de chegar ao título.
Começou um zumzumzum danado. O
porteiro do prédio, palmeirense, se arvorou: “Agora quero ver vocês ganharem de
nós”...Na padaria, o balconista emenda de primeira logo ao me ver: “Aê
Corinthians, quero ver como vai ser domingo...”. Curioso isso. Na padaria, perdemos
o nome de batismo e passamos a ser conhecidos pelo time que torcemos...É um tal
de: “aê São Paulo, aê Palmeiras, aê Corinthians...”. Só o futebol é capaz de
causar esse tipo de reação nas pessoas.
Para não deixar passar batido os
comentários pessimistas, não sei exatamente o porquê, dei como resposta as
mesmas duas palavras, emendada com o gesto das mãos do treinador corintiano,
Tite, ao treinador do Palmeiras, Felipão: “Fala muito...Fala muito...”.
Aconteceu no primeiro semestre, no jogo entre o
Corinthians e Palmeiras, nas semifinais do campeonato paulista. Uma imagem que rendeu
muita polêmica, dentro e fora do gramado. O fato é que, naquele dia, falando
muito ou não, o Corinthians acabou vencendo o Palmeiras, nos pênaltis.
O “fala muito” disparado contra aqueles
que queriam tirar uma “lasca” da minha alegria de “quase campeão” ficou rondando
meus pensamentos. O fato é que todos esses anticorintianos é que “falam muito”,
mas também é fato que o jogo do próximo domingo será o jogo do “fala muito”,
novamente.
Alguém tem alguma dúvida de que
para o Palmeiras, e em especial para o técnico palmeirense, esse será o jogo
mais importante do campeonato?
Conhecendo o “estilo Felipão”,
alguém duvida que, se o Palmeiras vencer e tirar o título praticamente ganho do
maior rival, o treinador não irá devolver o “fala muito” para Tite e por
tabela, para TODOS os torcedores corintianos que estarão assistindo ao jogo?
Alguém duvida que, se esses
milhares de “fala muito”, anticorintianos, não irão falar para sempre do dia em
o Corinthians virou o time do “fala muito”???
Agora, se o contrário acontecer,
e o Corinthians faturar mais um título, a história da final do campeonato
brasileiro será eternizada com mais um dos tantos batismos já feitos pelos
torcedores, como “a batalha dos aflitos”, “a invasão corintiana” e tantas
outras.
Será o título do “fala muito”,
porque, com certeza, não haverá um corintiano entre os quase 30 milhões
existentes nesse país que deixará de ironizar seu rival apontando com as mãos e
falando: “fala muito...fala muito...”
E chega de “falar muito”. Agora é
esperar o que a história irá escrever.
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