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José Luiz Tahan |
Seu nome é José Luiz Tahan e no litoral paulista, mais precisamente, na cidade de Santos, ele é o responsável por manter viva a paixão pelos livros. Desde 2006, além de vender livros, tornou-se editor de algumas obras que se tornaram referência.
Nessa entrevista, "Zé Luiz", como todos o tratam, revela a trajetória de sua livraria (www.realejolivros.com.br) e a rotina como editor.
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“Livro de futebol vende, não tanto quanto camisas e chuteiras”
Literatura na Arquibancada:
Fale sobre a Realejo. Quando surgiu? Qual o foco? E por que Realejo?
José Luiz:
A Realejo nasceu
como livraria em 2001, há 10 anos, dentro de um campus universitário, que
abrigava cursos de filosofia, letras e jornalismo, áreas que a gente sempre
gostou. Na nossa livraria atendemos muitos professores universitários e seus
alunos. Somos uma livraria de humanidades e também de muita diversão. Trazemos
escritores de todos os cantos, temos um bar café e recebemos os clientes para
apresentações musicais na calçada, sempre às sextas e sábados.
O nome Realejo
surgiu como uma proposta e um convite para o leitor lembrar de um mundo mais
romântico. A máquina do Realejo tem a música e a sorte como companheiras,
perambula pelas ruas, acho simpática a figura do tocador de Realejo e do seu
periquito. Além de soar bem, aliás muita gente não sabe o que é um Realejo, daí
explico, é claro. Asseguramos a lembrança do nome através do batismo da
livraria!
L.A:
Por que vender e publicar livros sobre futebol? Quando surgiu esse
interesse?
J.L:
Sou natural de
Santos, uma cidade que respira futebol e que sediou o maior time de todos os
tempos. Em 2006 começamos a editora com futebol, brinco que estreamos com o pé
esquerdo, mas não qualquer pé esquerdo, o mais importante canhoto da Vila
Belmiro, o Pepe.
L.A:
Livro de futebol vende?
J.L:
Vende sim, não tanto
quanto camisas e chuteiras. Mas trabalho para minimizarmos essas diferenças.
L.A:
Como analisa o atual mercado editorial de livros sobre futebol?
J.L:
Acho que esse
mercado se fortalece a cada temporada, desde A estrela solitária, do
Ruy Castro nos anos noventa vivemos a era moderna desses títulos. Existem até
livrarias temáticas como a Pontes em campinas e a Folha
Seca no Rio, além da Realejo aqui em Santos.
L.A:
Quais os livros que você já editou pela Realejo?
J.L:
Já são perto de 40
títulos. Alguns se destacaram, lá vão: Santos, um time dos céus, do Torero
e Pimenta, O jeitinho Americano de Matthew Shirts, Os blogs do além do Vitor
Knijnik, e, claro, Pelé 70.
L.A:
Entre os livros publicados, tem alguma curiosidade pra lembrar?
J.L:
Várias histórias
acontecem nos bastidores. A oportunidade de publicar um livro do jornalista Zé
Hamilton Ribeiro apareceu em meio às atividades de uma palestra com ele que
eu estava produzindo aqui em Santos. Tive a chance num tom de desafio, ele
perguntou se eu encarava publicar um livro seu e eu falei, é pra já! Dois anos
depois chegou ao mercado Realidade re-vista, do Zé Hamilton e
do Zé Carlos Marão. O livro é finalista do prêmio Jabuti, vamos
torcer.
L.A:
Qual é a sua rotina como editor de livros sobre futebol? Como recebe os
originais? Como é feita a negociação? Como é o trabalho específico como editor?
J.L:
Vivo na livraria, o
andar de cima reservo para o ofício de editor, quando desço para tomar café,
atendo os clientes e mantenho o perfil do livreiro, que me orgulha muito.
Recebo propostas de livros a toda hora, tanto pessoalmente como por telefone,
e-mail e redes sociais. Decido quais livros eu acho que tem a ver com a Realejo
e arriscamos. Leio os originais e chamo o autor para repassar as minhas
impressões sobre o seu texto. Um editor é parente do escultor, o catálogo de
uma editora é uma escultura que ganha forma a cada lançamento. Vamos
martelando, aos poucos construindo uma identidade através das escolhas
editoriais.
O editor tem esse
compromisso, de ser mais do que um leitor, mais até do que um crítico. Uma
mistura de arte e mercado, como aquele meio-campista que lança uma bola
açucarada no vazio, onde o atacante ainda não chegou.
L.A:
Qual o livro que lhe trouxe maior prazer de editar? E por quê?
J.L:
Sem me desfazer
de ninguém, tenho grande alegria em ter editado o nosso querido Pepe, o
José Macia. Ao longo do delicioso convívio após os anos antes e depois da publicação,
o Pepe se tornou um grande amigo. Continuamos nos encontrando quase todos os
dias para um café aqui na Realejo. Viajamos muito por várias cidades, e ainda
iremos a muitas outras, aguardamos convites!
L.A:
Quais os 5 livros nacionais e os 5 estrangeiros de sua preferência?
J.L:
Estrangeiros:
Um, nenhum e cem mil.
Luigi Pirandello.
Amor sem fim. Ian Mcwean.
Equador. Miguel Souza
Tavares.
O conto da ilha desconhecida.
José Saramago.
Histórias de Cronópios e de famas.
Julio Cortazar.
Brasileiros:
Cisne de feltro. Paulo
Mendes Campos.
A Bíblia do caos. Millôr
Fernandes.
Chalaça. José Roberto
Torero.
As mentiras que os homens contam.
Luis fernando Verissimo.
A paixão de Amâncio Amaro.
André Laurentino.
5 nacionais (esporte)
Estrela Solitária. Ruy
Castro.
Bombas de alegria. José
Macia, Pepe.
Santos, um time dos céus.
José Oberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta.
Veneno remédio. José
Miguel Wisnik.
Barbosa. Roberto
Muylaert.
1 estrangeiro
Futebol, O Brasil em Campo.
Alex Bellos
L.A:
Qual o livro que ainda “sonha” em publicar/editar?
J.L:
Adoraria publicar um
grande autor brazuca, pode ser um Milton Hatoum, brimo e craque!
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