![]() |
Capa de junho de 1962 do jornal Última Hora reprodução Arquivo do Estado de SP |
![]() |
Vital Bataglia |
Vital Bataglia, um dos mais brilhantes
jornalistas esportivos do país, infelizmente, não escreve mais para nenhum
jornal. Sua trajetória profissional é incrível. Bacharel em Direito, é jornalista profissional desde 1962
quando iniciou a carreira no jornal Última Hora. Foi um dos fundadores
de Notícias
Populares, e em 1965, transferiu-se para o Jornal da Tarde, do qual
também foi fundador e lá exerceu as funções de Repórter Especial, Editor de
Esportes e Editor de Projetos Especiais. Também foi Diretor de Esportes da TV
Record (1978), comentarista da rádio Jovem Pan além de ter dirigido a redação
dos jornais A Gazeta Esportiva - A Gazeta. (1992/1996). Em 1990/91 foi
Assessor de Imprensa da Comissão Técnica da Seleção Brasileira de Futebol. Em
1998, criou o extinto site Olé. A prova de que o repórter Vital Bataglia faz
parte do time “primeira linha” são os vários prêmios Esso de reportagem
recebidos ao longa da carreira: O Casamento de Pelé – 1966; Juiz
ladrão e herói – 1968; As aventuras de um rei do futebol – 1973; Cobertura da
Copa do Mundo – 1978; Cobertura da Copa do Mundo – 1986; Informação Econômica:
Os 20 anos do BNH – 1984; Informação Científica: O primeiro transplante de
coração na América do Sul – 1967; Reportagem Geral: As tragédias de
Caraguatatuba – 1967; Incêndio no Joelma – 1974.
“A Última Hora foi um movimento
literário
no jornalismo esportivo”
(Vital Bataglia)
![]() |
Conseguir uma vaga em um jornal
como a Última Hora, por exemplo, era um sonho, ainda mais no ano de 1962,
quando o diário sofria uma reformulação geral em sua editoria de esportes.
Vital Bataglia começava sua carreira no jornalismo esportivo no exato momento
em que Celso Eduardo Brandão deixava O Estado de S. Paulo para assumir a
editoria de Esportes no jornal de Samuel Wainer. Além de talento, um bom
contato era sempre útil. Dessa forma, o office-boy do Banco de Boston
soube por intermédio de seu amigo, Zicardi
Navajas – que trabalhava no jornal antes de se tornar diplomata –, de um teste
para a vaga de repórter da Última Hora.
Aprovado, Bataglia descobriu um novo mundo: “Escrevia sobre todos os clubes do interior. Naquela época precisávamos
pedir uma ligação às onze horas da manhã, para quatro ou cinco horas depois
começarem a pintar as ligações. Fazia basquete, esportes amadores também. Era
um negócio muito legal, pois reuníamos, na redação, atletas, lutadores de boxe,
gente consagrada do esporte”.
Apesar da rotina desgastante,
trabalhar na redação da Ultima Hora
representava participar de um marco na história do jornalismo esportivo: “Ali foi um movimento literário no jornalismo
esportivo, porque a Gazeta Esportiva só enaltecia o futebol e seus
títulos fantásticos. Com a chegada do Celso Eduardo Brandão (à Última Hora)
começamos a mostrar os problemas que estavam ocorrendo no esporte,
especialmente no futebol. Julgo que foi o movimento do romantismo para o
realismo. Começamos a mostrar problemas nas arbitragens, as dificuldades da
legislação desportiva que não ajudava em nada os atletas. Foi uma coisa
excelente, pois quem estava acostumado com a Gazeta Esportiva, começou a
perceber que havia um outro ângulo da notícia que não estava sendo abordado”.
Celso Eduardo Brandão queria
fazer um “jornalismo verdade”. Dois repórteres ficavam atrás dos gols e também
junto aos técnicos das equipes. A missão dos jornalistas era cobrir os
“bastidores”, ficar atentos às orientações táticas, às discussões dentro do
gramado: “O jornal tinha também uma
nova diagramação. Acompanhávamos tudo sobre a mesa. Prestava atenção à dona
Clara, uma professora de jornalismo que chegava a explicar o porquê de estar
usando determinada foto horizontal, ou uma diagramação vertical”. Além
de todas essas mudanças, Bataglia recorda que as coberturas esportivas passaram
a ganhar conotação política: “A Última
Hora era considerado um jornal de esquerda. Os jornalistas que trabalhavam
ali tinham uma tendência. Você olhava para a sua esquerda, estava Jô Soares,
mais a frente, os colunistas Ricardo Amaral e Arapuã. Eram profissionais que a
gente nem sonhava em conhecer e de repente, você estava ali, ao lado deles”.
*****
Em breve, postaremos artigo sobre outro momento histórico do jornalismo esportivo: a criação do caderno de esporte do jornal O Estado de S.Paulo e do JT - Jornal da Tarde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário