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Capa de O Esporte de 1945 Reprodução do livro Fotos livro, Palmeiras x Corinthians 1945 - O jogo vermelho |
Com
a venda de O Esporte, Lido decidiu que nunca mais se envolveria com
jornal. Achava que era hora de aproveitar a vida, gastar um pouco dos 80
milhões de cruzeiros ganhos com a venda do diário. Viajou para a Itália, e no
terceiro dia de descanso caiu na banheira do hotel e perfurou a costela. Morreu
sem poder aproveitar nada do que ganhou com a venda do jornal.
Após
o fechamento de O Esporte, Walter Lacerda passou a trabalhar no único
jornal que parecia não sentir os efeitos do golpe de 1964. Apesar da crise no
mercado editorial, A Gazeta Esportiva atingia tiragens superiores a 100
mil exemplares. Pelos números pode-se perceber que praticamente não havia
concorrência, a não ser quando comparado com o Jornal dos Sports, do Rio
de Janeiro.
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Página do Caderno de Esportes de O Estado de S. Paulo, de 31/12/1964 |
Para
acabar com a hegemonia de A Gazeta Esportiva, foi criada em São Paulo,
em 1964, a edição de esportes de O Estado de S. Paulo – embrião do Jornal
da Tarde –, que circulava após o fim das rodadas de futebol, às dezoito
horas do domingo. O torcedor acostumou-se a sair do estádio e ir direto para a
porta do jornal e comprar um exemplar. A concorrência com a Gazeta Esportiva
estava declarada e, em pouco tempo, o caderno de esportes do Estadão chegava a tiragens de 100 mil
exemplares.
Também
nessa época, surgiu em São Paulo outro concorrente forte no jornalismo
esportivo. O empresário Herbert Levy idealizou um jornal que pudesse concorrer
com a Última Hora de Samuel Wainer. O novo jornal teria de ser popular,
exatamente como a Última Hora, e seu lançamento, na verdade, tinha como
objetivo a campanha de Carlos Lacerda à presidência da República, nas eleições
de outubro de 1965.
Estava
criado o Notícias Populares, na rua do Gasômetro, 425, no bairro do
Brás, centro de São Paulo. Com ele, começava a disputa por profissionais do Última
Hora. Jean Melé, um romeno com apurada visão jornalística, foi contratado
para comandar o jornal. Vital Bataglia, apesar da pouca experiência, seria o
secretário de redação de esportes. Foi tirado do Última Hora, onde
trabalhava havia pouco mais de um ano e ganhava 40 mil cruzeiros, para chefiar
o esporte do Notícias Populares por 108 mil cruzeiros.
A
inexperiência de Bataglia era compensada pelos conhecimentos dos veteranos De
Vaney e Arthur Vogel, outro romeno, amigo de Jean Melé, que tinha visão
fantástica do futebol internacional. No futebol brasileiro, João Carlos Pibe,
comentarista da Rádio Marconi, era o nome forte: “João era uma figura poderosa no relacionamento com jogadores de
futebol. Chegou a treinar com os jogadores do Palmeiras e em uma dessas
oportunidades chutou o tornozelo do Adhemar Pantera. Ele levava todos os
jogadores do Palmeiras à redação. Jogador na redação, só a Gazeta Esportiva
tinha esse privilégio. João conseguia isso sem a influência dos cartolas, pois
era muito amigo dos jogadores. Depois contratamos Sérgio Baklanos, Darci
Higobassi e, logo depois, o editor do Última Hora, Celso Brandão, que
trouxe junto o Tão Gomes Pinto. Com todos esses nomes, passamos a ser
referência no esporte”, relembra Vital Bataglia.
O Notícias Populares dedicava pelo menos três páginas de cada edição ao esporte.
Sete pessoas eram responsáveis pelo trabalho, em uma redação que tinha quase
cem profissionais. Com o golpe militar e uma censura ferrenha, o projeto do Notícias
Populares acabou afundando, especialmente para os que trabalhavam na seção
de esportes: “A censura implicava
também na não realização das eleições e o jornal que havia sido criado para
alavancar uma candidatura política, ficou sem propósito, pelo menos para os
grandes profissionais que trabalhavam ali. A maioria foi para o Jornal da
Tarde e, logo depois, para a revista Veja. O que deixou todo esse
grupo de jornalistas mais triste foi saber que o trabalho desenvolvido por um
time de primeira linha acabara e, de repente, O NP virou jornal do bebê
diabo”.
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